Relato de um coronel feito refém por bandidos

Irmãos Companheiros dessa viagem fantástica que é nossa vida permitam-me fazer um breve relato da ocorrência que me envolveu na última Quarta-Feira dia 01/08:
Retornava do Clube de Futebol em Mairiporã, onde realizamos tantos encontros do Grêmio Rota, chegando em casa, no Alto a Lapa, passando alguns minutos das 22:30h. Acionei o botão do remoto há pouca distância do portão da garagem, tendo observado que nenhum veículo me seguia. Entrei e logo apertei o controle para fechamento. Imediatamente vi a entrada de um veículo escuro na garagem, ao mesmo tempo que o portão basculava, sendo assim trancado.
Nesse mesmo instante vi pelo retrovisor que pessoas desceram rapidamente daquele carro avançando sobre mim empunhando armas, vi logo uma pistola apontada para minha cabeça, sendo que o indivíduo primeiro falou: "na moral...entra, entra... conduzindo-me para a entrada da casa. Nesses breves passos, juntou-se o comparsa empuhando uma submetradora com dois carregadores conectados por algum adesivo. Diante da porta, disse-lhe, não tenho a chave, tenho que chamar alguém para abrir... Então chama, porra. Com a chave do carro bati na porta com bastante força, vez que procurava com esse gesto assustar minha mulher que já deveria estar dormindo, na companhia do meu filho (11 anos). (Quando esqueço a chave, sempre chamo-a pelo celular para não incomodar o filho e sogra que também mora conosco);
Deu certo, pois vi a silhueta da minha mulher passando, mas não abriu a porta pois viu que havia a companhia de um sujeito encapuçado, fiz-lhe um gesto para que ela se afastasse. (considerem que nossa porta possue uma faixa lateral e dez centímetros de vidro duplo transparente e que, por vacilo dos marginais, a luz da garagem permanecia acesa). Visto que não abria a porta recebi várias coronhadas na cabeça, sendo que senti o sangue escorrer pelo pescoço, além de outras agressões e ameaças de morte se não conseguisse fazer abrir a porta;
Disse a eles que "meu povo estava dormindo e que usaria o telefone para chamá-los para abrir, Então chama, porra, rosnou nervoso o líder do bando (vi que além do sujeito com a submetralhadora, um terceiro também estava armado, não consegui ver o que portava). O celular estava na minha mão, comecei a digitar o número do telefone fixo da minha residência, discava uma, duas, três, até uma quarta vez, eu ouvia o telefone tocar lá dentro, quando minha sogra dizia alô, eu apertava novamente a tecla, sempre debaixo de porradas. Disse a eles que eu estava nervoso e que estava errando os números (tome porrada). Tudo fazia parte de uma breve estratégia de retardar o máximo qualquer a entrada na casa, coisa que jamais deixaria que acontecesse, custasse a minha vida.
O "mala" aí se tocou que a luz da garagem estava acesa e blasfemou entredentes "onde apaga essa luz, porra... assim descobriu que o interruptor estava ali ao lado da porta. Ficamos no escuro a partir daí. Percebi alguma movimento na rua, acredito que minha tortura estava contando já uns 15 minutos.
Ouvi uma voz no portão: "Policia" e uma luz de lanterna procurou ver algo na garagem. Vi os indivíduos vários dispararem vários tiros na direção do portão. Não entendia o que aqueles imbecis estavam fazendo, pois os policiais não haviam efetuado qualquer disparo. Não sei se foi falta de habilidade ou nervosismo o sujeito com a submetralhadora disparou alguns tiros que chegaram a atingir o teto da garagem, vi que ele fez uma inversão dos carregadores e resmungou algum coisa. O líder também atirou com a pistola que vi que era de aço inoxidável ou duralumínio e também de calibre pesado.
Após esses tiros, agarrou-me pelo pescoço e gritou: "temos refém" e outras coisa que não me recordo. Sei que o policial perguntou quantos reféns vocês têm?" - Responderam, temos um refém. Enquanto me usava como escudo tentando chegar até o carro. Resisti um pouco e como o sujeito pegou-me pela gola, fiz um movimento que ele ficou com minha camisa eu retrocedi, procurando sair da linha de tiro do confronto iminente. Daí, ouvi tiros, ainda dos bandidos e alguns do lado dos policiais, retrocedi em direção à porta de casa, seguido por um dos facínoras que deu um chute tentando abri-la, corri rente à parede chegando ao jardim. Vi que policiais desciam pelo muro e a refrega já era quase corpo a corpo. voltei à porta e gritei pelo nome da minha esposa, abre a porta... o que ela fez caí para dentro correndo para o fundo onde ficam os quartos ficando junto aos meus.
Meu filho, assustado olhava-me com os olhos arregalados, aí percebi que impressionava o sangue escorrendo pela face e pescoço, não era muito intenso, mas naquele momento era terrível para ele.
Bravos Policiais Militares, companheiros indispensáveis na hora crucial, demonstraram grande preparo e correção em ação de alto risco, louvo a minha "Eterna Rota" que como um resgate a um velho "Veterano" que dessa vez não teriam que acompanhar ao "Campo Santo".
Eu tinha certeza que Vocês viriam!
Estou pronto para partir a qualquer momento, com "Dignidade Acima de Tudo"!

Tcel PM Antonio Bezerra da Silva
Presidente do Grêmio Rota "Os Boinas Negras"
"Quem vive como herói, não morre como covarde"
Citação de José Batista de Queiroz - Gal de Brigada RR