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Jose Maschio
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Era um país tropical. Habitado por mais de 200 nações nativas que não tinham noção disso de propriedade, capital ou mercado. Faziam trocas, escambos e viviam. Com algumas guerras internas, mas viviam relativamente em paz.
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Aí apareceram os europeus. Os nativos tiveram que cobrir seus corpos em nome da moral. Uma moral que não impedia os estupros das nativas. E quiseram impor a moral do trabalho aos nativos. Não conseguiram.
Com o aval da rainha-mãe do Norte começaram a levar africanos. Carne negra sempre mais barata. Os navios da rainha-mãe ganhavam com o tráfico. E o país, com poucos europeus, ficou mulato. Agora não só eram as nativas caçadas, preadas e emprenhadas. As negras escravas também.
Aí a escravidão virou problema. Não para os europeus deste país. Mas para a rainha-mãe. A grande Inglaterra queria mercado. Escravos não consumiam. E proibiu que navios transportassem escravos. O país tropical, no entanto, já tinha uma maioria negra ou mulata.
A elite escravocrata que dirigia o país pensou em higienização. E abriu seus portos para europeus pobres. Brancos, claro. Alemães, italianos, espanhóis e eslavos fugiam da fome. E substituíam os escravos, despejados das terras. Livres da escravidão patrimonialista. Escravizados pela miséria da fome do tal mercado.
Mulato, o país queria embranquecer. Por isso não abriu seus portos para africanos e asiáticos. Os japoneses só foram aceitos na virada do século 19 para o vinte. A elite escravocrata e feudal pensou solução. E aparelhou os agentes de segurança para o extermínio. Nas abordagens policiais, escurinhos, mulatos ou pretos eram potenciais criminosos.
E isso perdura até hoje. Mesmo assim o país continua com maioria negra. Não adianta a manutenção da média histórica de 70 negros mortos por dia. O país continua mulato. Isso só não irrita mais a elite branca por dois motivos. O negro que ascende socialmente, logo se pensa branco. O segundo é que mesmo sendo maioria, o Brasil mulato ainda vota, quando a elite deixa ter eleição, nos brancos opressores."