Fernando Brito - Tojolaço ----- Parece aproximar-se o desfecho do caso do desparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, e da pior forma possível, agora com a revelação de que pertenciam a eles os objetos mantidos amarrados a um tronco num igarapé.
Não só por eles e suas famílias, mas para nosso país.
Não só pelo fato de que verifica-se, na prática, que a Amazônia está entregue a gangues de ilegais, armados e violentos.
Não só pelo fato de que são grupos que contam com a simpatia assumida do presidente desta triste república.
Mas porque, há mais de dois anos, as regiões mais remotas daquela imensidão estão entregues à autoridade do Exército, sem que isso tenha representado qualquer redução no desmatamento, no garimpo, caça e pesca ilegais e nem sequer na existência de farto armamento nas mãos daqueles ilegais, e nem sequer imposto a eles o medo de ameaçar e matar qualquer um que se meta à “aventura perigosa” – como diz Jair Bolsonaro – de meter-se nos seus “territórios”.
Sim, porque para eles se demarca a bala, o que orgulhosamente o presidente diz que não se demaracará, um palmo sequer, pela lei, para os povos indígenas.
A política oficial para a Amazônia é a da morte.
Como falar da “soberania” sobre a Amazônia se não se exercem ali as funções do Estado brasileiro, que seja apenas e somente a de zelar pela lei e pela ordem, porque zelar pelas populações ribeirinhas já seria pedir demais para um governo que não consegue cuidar dos “índios”, seminus e famintos, que enchem as calçadas das grandes cidades?
Jair Bolsonaro e a entourage militar de seu governo repetem “A Amazônia é Nossa”, mas ela não é. Não é dos brasileiros “de bem”, como gostam de falar, mas dos que, devastadores e brutais, assumiram seu controle, à margem da lei. Talvez, até, por isso a considerem deles próprios.
Acham que este faroeste tupiniquim é assim mesmo, porque assim devem ser os pioneiros e conquistadores, prontos a fazer os povos indígenas largarem tangas e penas por cartucheiras e chapéus de cowboys e a plantarem soja em lugar da floresta.
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Cunhado de Dom Phillips diz que corpos estavam amarrados a uma árvore
------------------- DCM ---- Os corpos de Dom Phillips e de Bruno Pereira foram encontrados amarrados a uma árvore, revelou o cunhado do jornalista britânico ao The Guardian. O inglês e o indigenista brasileiro estavam desaparecidos desde 5 de junho.
Paul Sherwood contou que o embaixador do Brasil no Reino Unido procurou a família do jornalista e relatou que os corpos foram achados. Ele ainda destacou que é preciso esperar a perícia para que as identidades das vítimas sejam confirmadas.