por Moisés Mendes -----
Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)
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Impressiona a naturalidade com que os jornais da grande imprensa trataram, no domingo, as declarações de Bolsonaro sobre a eleição em São Paulo.
Todos os jornalões informaram que o sujeito fez avaliações sobre a postura do PL, dando a entender que pode interferir nas campanhas municipais.
A linha geral foi mais ou menos essa: Bolsonaro considera que o PL tem problemas a resolver na capital paulista e em outras cidades e que ele tem as soluções.
As declarações foram dadas por intervenção online, mostrada em telão, em evento nacional da extrema direita, o CPAC Brasil 2023, em Belo Horizonte.
Bolsonaro falou de platitudes, como essa dos problemas que não disse quais são, para sugerir que tem protagonismo assegurado nas próximas eleições. E que ele dirá quem é o candidato da direita.
Bolsonaro foi delatado como criminoso pelo seu ex-ajudante de ordens, que o denunciou à Polícia Federal por envolvimento direto na trama do golpe.
Bolsonaro não é nada na estrutura do PL, um partido que ele alugou para tentar a reeleição. Não é homem de comando, não é líder, não tem controle nenhum sobre os quadros do partido.
Bolsonaro é um indivíduo cada vez mais cercado pelo sistema de Justiça, que só não o prendeu ainda, como um dia fizeram com Lula, sem provas, por causa de concessões que talvez possamos entender mais adiante.
O cara que sugere estar falando de estratégias para 2024, mas que não diz nada com nada, não poderia ser visto como possível personagem da eleição pela imprensa, porque não é visto assim nem por Valdemar Costa Neto.
A direita de São Paulo não quer nada com Bolsonaro. O Datafolha mostrou em agosto que 68% dos paulistanos não votariam em candidato indicado por ele. E que Lula tem aprovação de 45% na capital.
O PL e o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que tentará a reeleição, não querem andar de mãos com Bolsonaro agora.
O candidato do bolsonarismo a vice em uma possível chapa com Nunes, para enfrentar Guilherme Boulos, seria seu advogado Fabio Wajngarten, citado todas as semanas como envolvido em conversas com Mauro Cid sobre o rolo das joias.
Nem Bolsonaro nem Wajngarten são companhias que alguém possa querer no momento e dificilmente irá querer mais adiante, com a tendência de agravamento da situação dos investigados em todos os rolos do bolsonarismo.
As manchetes que apresentam Bolsonaro como possível líder do PL, e não como cabo eleitoral (porque talvez nem isso ele consiga ser), são uma tentativa de colocar o chefe dos muambeiros em algumas notícias ‘positivas’.
Bolsonaro tem que aparecer em algum lugar, para que a extrema direita não reclame, e por isso surge como um líder que pode orientar a postura do PL em 2024.
O que se sabe é que Bolsonaro passou a ser um aliado de alto risco e que, muito antes da campanha às eleições municipais, poderá estar na cadeia com outros golpistas. Bolsonaro é hoje apenas um quase presidiário.