Na Venezuela, eleições de domingo decidirão se colônia, se nação soberana

Emiliano José --------------- Essa experiência, a rigor modelo democrático para o mundo, levou a Fundação Carter a proclamar a Venezuela como o sistema eleitoral mais democrático do mundo Gostar ou não gostar de Maduro, é da preferência de cada um. Discutir o estilo dele, da mesma forma. Como se este fosse o problema. Não é. O buraco é mais embaixo. Já estive na Venezuela, como parlamentar, rapidamente. Testemunhei a existência de uma imprensa livre, e raivosa. Contra qualquer medida da Revolução Bolivariana. Batendo no governo abaixo da linha de cintura. Atualmente, e de há muito tempo, há uma unidade internacional, no Ocidente, a demonizar a experiência bolivariana. Como se ali vigorasse uma ditadura. E não vigora. Essa mídia chama o Hamas de organização terrorista. Não é. É resistência palestina, tal qual resistência francesa, argelina, vietnamita. A ONU não considera o Hamas terrorista. No caso da Venezuela, o chamado jornalismo, e creio muito próprio chamar assim porque não há jornalismo em tal cobertura, esconde-se, ignora-se um dos lados, não obstante tenha a mania de se falar na necessidade de serem observados todos os aspectos de um acontecimento. Felizmente, há uma ou outra voz remando contra a maré. Em Caracas, a presença do jornalista Beto Almeida. Profissional sério, responsável. Vai cobrir as eleições pelo Pátria Latina e pela TV Comunitária de Brasília e varias publicaçoes no Brasil e exterior Artigo dele, direto de Caracas, hoje no Pátria Latina, desmonta uma série de mentiras, vai contra a mistificação montada pela mídia empresarial brasileira e de todo o Ocidente. Busco nele a inspiração para esse texto, baseio-me na matéria dele. Demais fontes, aparecessem subsidiariamente. Está em curso uma grande operação de inviabilização da eleição venezuelana. Pra variar, com sede em Miami. Coordenada por Marc Fertmann, ex-funcionário da CIA, personagem presente em vários processos eleitorais de outros países, de acordo com Beto Almeida. Fertmann anunciou, em programa de televisão venezuelana, a intenção do governo Maduro de cortar a internet no domingo, dia da eleição, de modo a organizar uma fraude eleitoral. Prova? Nenhuma. Algum dado a comprovar a notícia? Nenhum. A extrema-direita nunca precisou da verdade. Nem do jornalismo, ao menos aquele à procura da verdade. Óbvio: o governo Maduro nega de modo categórico. Lembra, e fala verdade: Venezuela é o país com mais realização de eleições em todo mundo nas últimas décadas. E sempre com a presença de observadores internacionais, dezenas deles. A nós todos, sonegada informação preciosa, verdadeiro escândalo, sorrateiramente escondida: o candidato oposicionista, Edmundo Gonzalez, negou-se firmar o compromisso junto ao Tribunal Eleitoral de respeitar o resultado das urnas. Uma confissão prévia. Irá desautorizar o processo eleitoral se perder a eleição. Imagina fosse Maduro a recusar isso? A oposição, teleguiada desde os Estados Unidos, sempre trabalhou no sentido de inviabilizar a Revolução Bolivariana. Agora, sem reservas, organiza operação para inviabilizar o governo Maduro, chamada Zero Maduro na Mídia. Enquanto isso, a mídia empresarial, na Venezuela e em todo o Ocidente, opera um tsunami de informações falsas dando como certa, previamente, a vitória do candidato oposicionista por larga margem de votos. E estaria em curso, ainda, na operação orientada desde Miami, inviabilizar qualquer possibilidade do público, internautas e televidentes, terem acesso a informações com os resultados oficiais do Tribunal Eleitoral, previstas para serem divulgadas domingo à noite, dia 28. Na avaliação de Beto Almeida, uma versão da Proconsult, organizada pelo SNI, com apoio da Rede Globo, para derrotar Leonel Brizola, em 1982, no Rio de Janeiro. O plano é este. Mas, insista-se: Venezuela é país recordista em eleições em todo o mundo. São 33 eleições e referendos em 25 anos de Revolução Bolivariana. Chávez submeteu-se ao crivo das urnas por cinco vezes em doze anos, sempre sob a artilharia da direita e da extrema-direita. Maduro, três vezes em dez anos. Há outras informações sonegadas. O voto na Venezuela é eletrônico e impresso. Há auditoria de 50% das urnas com os votos impressos, na qual o eleitor, no ato de votar, torna-se o fiscal do próprio voto, conferindo, com o impresso, se está tudo nos conformes. A média mundial de conferência é de 3%. Na Venezuela, de 50%. A Operação Maduro, eu estou chamando-a assim, dirigida desde os Estados Unidos, desde o império, prevê divulgar resultados oriundos apenas dos institutos de pesquisas cuja trajetória sempre foi marcada por erros nas eleições venezuelanas, por prognosticarem derrotas de Chávez e de Maduro. Sempre quebraram a cara, atuaram a favor dos candidatos apoiados por eles, institutos. A mega-operação, com sede em Miami, promovendo o silêncio em torno dos resultados oficiais e uma super divulgação de uma suposta vitória da oposição para propalar a existência de uma fraude, lembra a ridícula proclamação de Guaidó como presidente da República. Guaidó é atualmente apenas um fugitivo da Justiça, acusado de roubo dos ativos do Estado venezuelano, fato reconhecido até pelos antigos patrocinadores em Washington. Mas, os articuladores da direita e extrema-direita internacional, nunca se incomodaram com o ridículo. Em curso, então, uma vasta operação midiática destinada a criar uma situação caótica na Venezuela. E aí sim, pode ser estabelecido o quadro anunciado por Maduro: os fascistas tentando de todo modo negar a vitória do governo, se ela se concretizar, e recorrendo a todo tipo de sabotagem, inclusive à guerra civil. A operação midiática, na visão de Beto Almeida, conta com financiamento de agências dos Estados Unidos, como a NED e a USAID. Além de fundações alemãs, como a Konrad Adenauer e Friedrich Ebert. Estas teriam divulgado uma lista dos meios de comunicação consideradas confiáveis por elas, por acaso, e só por acaso, veículos financiados por essas mesmas agências. Vão proclamar, sem dúvida, a vitória do candidato oposicionista, mesmo derrotado pelos números oficiais. O Tribunal Eleitoral, como em qualquer país democrático, tem a prerrogativa de organização, apuração e divulgação dos resultados, conforme lei aprovada por todos os partidos. A experiência de 25 anos de democracia participativa indica a existência de estabilidade, segurança e legitimidade eleitoral no país. Mesmo sob sanções de toda natureza, a Venezuela manteve sempre o calendário eleitoral. Essa experiência, a rigor modelo democrático para o mundo, levou a Fundação Carter a proclamar a Venezuela como o sistema eleitoral mais democrático do mundo. Fndação Carter, não qualquer entidade vinculada à esquerda mundial. Em curso, insista-se, mais uma operação desestabilizadora contra o governo bolivariano. Registro: apesar de todas as eleições realizadas, a mídia insiste em chamar o presidente Maduro de ditador. Fosse, e não haveria tantas eleições, sempre contando com a presença de observadores internacionais, extremamente vigiadas, colocadas sob suspeita. Mais uma tentativa. A seguir a tradição, será outra frustração. Espera-se seja. Para o bem da democracia. Da afirmação da soberania das nações. Venezuela é detentora da maior riqueza petrolífera do mundo. Não se queira acaso em todas essas investidas. É o petróleo, estúpido! Sempre parafraseando o assessor de Clinton, James Carville. O império em decadência age com consciência. Em busca dos interesses dele. A democracia, às favas. Maduro foi muito incisivo ao definir qual a decisão desse domingo: _ É a escolha entre Colônia ou Nação Soberana. Alguma dúvida? Para os defensores da democracia e da autonomia de cada nação e, ainda, dos interesses da América Latina, nenhuma. As forças democráticas e progressistas estão ao lado da Revolução Bolivariana. Porque são a favor da soberania das nações. Porque defendem a soberania venezuelana. ----------------------- O original encontra-se em https://teoriaedebate.org.br/2024/07/25/na-venezuela-eleicoes-de-domingo-decidirao-se-colonia-se-nacao-soberana/