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O ressurgimento das forças autoritárias no Brasil e o equívoco da estratégia política que diluiu a resistência progressista.
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O fascismo, longe de ser apenas uma lembrança do passado, continua vivo e pulsante, infiltrando-se em nossa sociedade com uma força insidiosa. Ele não está restrito a figuras como Jair Bolsonaro, mas permanece como uma ameaça constante, corroendo lentamente os valores democráticos e abrindo portas para o retrocesso. Seu propósito é claro: destruir as estruturas sociais vigentes e impor uma visão autoritária e opressora. “Deus, pátria e família” — um lema que ressoa perigosamente em discursos contemporâneos, evocando o sombrio eco de tempos passados.
Esse discurso nos remete à Ação Integralista Brasileira (AIB), que já utilizava essa mesma fórmula nos anos 1930, inspirada no fascismo italiano com o lema “Dio, patria, famiglia”. O uso de uma retórica de religiosidade, patriotismo e moralidade familiar é uma armadilha que, embora atraente para muitos, se revela fatal para a diversidade e as liberdades arduamente conquistadas.
No Brasil, o fascismo se disfarça de alternativa democrática, encontrando brechas para se infiltrar, mesmo em lugares que deveriam estar mais atentos aos alertas da história. O cenário político, com sua multiplicidade de partidos e fragmentação legislativa, favorece a ascensão de discursos radicais e reacionários. O resultado é uma crescente dificuldade para a condução de políticas públicas progressistas, abrindo espaço para forças conservadoras e extremistas.
Curitiba, cidade reconhecida historicamente por sua dita pluralidade, encontra-se hoje dividida entre duas candidaturas que, embora tentem se apresentar como alternativas distintas, na verdade representam o mesmo projeto de reacionarismo e neoliberalismo. Pimentel e Graeml são faces da mesma moeda, fortalecendo o palanque da extrema direita e pavimentando o caminho para o retorno de Bolsonaro e seus aliados em 2026. Sempre é bom lembrar que em 1955 Curitiba deu mais votos a Plínio Salgado, figura emblemática do integralismo no Brasil, do que a Juscelino Kubitschek na eleição presidencial. O integralismo representa uma importação do autoritarismo europeu, especificamente das ideologias nazifascistas, e se configura como uma expressão da ideologia autoritária brasileira, que adapta esse pensamento europeu ao contexto nacional, enriquecendo-o com conteúdo locais.
Nesse contexto, o erro estratégico do “frente amplismo”, capitaneado pelo PT, é evidente. Ao tentar agregar diversas forças, muitas delas conflitantes em suas ideologias e propósitos, o partido não apenas diluiu seu discurso progressista como abriu espaço para a extrema direita se fortalecer. Essa tática, que visava uma ampla união para derrotar o bolsonarismo, acabou enfraquecendo a verdadeira oposição. Quando o campo progressista tenta agradar a todos, perde sua identidade e força, criando uma lacuna que os radicais oportunistas prontamente ocupam.
O “frente amplismo” deveria ter sido uma ferramenta para consolidar a resistência ao autoritarismo, mas se tornou uma armadilha política. Ao tentar dialogar com setores conservadores e centristas, o PT perdeu de vista sua base e cedeu em pautas essenciais, permitindo que candidatos reacionários crescessem sob o disfarce de alternativas democráticas. O resultado? A extrema direita, ao invés de enfraquecer, encontra novas formas de se reorganizar e se posicionar para 2026.
Enquanto isso, figuras de peso como Roberto Requião, com sua visão progressista e trajetória dedicada às causas populares, amargam votações insuficientes, resultado de uma memória coletiva enfraquecida pela desinformação. O fascismo manipula com maestria a memória histórica, reescrevendo-a a seu favor e apagando os feitos daqueles que lutaram pelos direitos e pela justiça social. A baixa votação de líderes como Requião não é apenas um reflexo de descuido, mas um sinal alarmante de que a história está sendo esquecida, e com ela, os valores que sustentam uma sociedade justa e democrática.
Se há algo que o fascismo faz com eficiência, é manipular a memória e reescrever a história a seu favor. Quando o povo esquece seus verdadeiros líderes, suas lutas e conquistas, abre espaço para que o autoritarismo ressurja, disfarçado de moralidade e patriotismo. Ele surge nas sombras, prometendo segurança e prosperidade, enquanto desmantela direitos, reprime liberdades e constrói uma sociedade desigual e repressiva.
Diante desse cenário, o maior perigo está na nossa incapacidade de aprender com o passado. Se não mantivermos viva a chama da memória, das lutas sociais e da democracia, corremos o risco de ver o fascismo triunfar novamente, disfarçado de salvador da pátria. Ele se alimenta da desinformação e do medo, prometendo segurança e prosperidade, enquanto desmantela direitos, reprime liberdades e constrói uma sociedade cada vez mais desigual e autoritária.
O fascismo está vivo, e cabe a nós, enquanto cidadãos conscientes, resistir às suas investidas. Devemos proteger nossas conquistas democráticas e garantir que o futuro seja construído sobre a base de justiça, diversidade e respeito às liberdades. A luta é contínua, e o perigo não pode ser subestimado.
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Cláudio Ribeiro
Jornalista – Compositor