A Autoridade do Canal do Panamá (ACP) negou nesta quarta-feira (5) ter concedido passagem livre a embarcações dos Estados Unidos, desmentindo um anúncio feito pelo Departamento de Estado americano. A declaração ocorre em meio às pressões do presidente dos EUA, Donald Trump, que defende a retomada do controle da via interoceânica.
“O governo do Panamá concordou em não cobrar mais tarifas dos navios do governo dos EUA para transitar pelo Canal do Panamá”, afirmou o Departamento de Estado na rede social X, alegando que a medida resultaria em uma economia de “bilhões de dólares por ano”. Pouco depois, a ACP rebateu a informação e esclareceu que “não fez nenhum ajuste” nas taxas de pedágio ou nos direitos de trânsito.
O impasse ocorre poucos dias após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao Panamá. Durante o encontro, Rubio afirmou que o país centro-americano havia feito concessões a Washington e criticou a cobrança de taxas. Ele argumentou que os EUA defendem o canal e, ainda assim, precisam pagar por seu uso.
Trump, por sua vez, já havia ameaçado tomar o controle do canal em dezembro do ano passado, quando ainda era presidente eleito. Durante um discurso no Arizona, classificou as tarifas impostas pelo Panamá como “ridículas e altamente injustas”. Em sua posse, em janeiro, reafirmou a intenção de retomar o canal, alegando, sem provas, que a China controla a infraestrutura.
O governo panamenho nega qualquer interferência chinesa e tomou medidas em resposta às pressões americanas. O presidente José Raúl Mulino anunciou que o País não renovará sua participação na iniciativa Cinturão e Rota, programa chinês de investimentos em infraestrutura. O Panamá aderiu ao projeto em 2017.
As negociações entre os dois países seguirão nesta sexta-feira (7), quando novas conversas devem ocorrer para tratar do futuro do canal, construído pelos EUA e inaugurado em 1914. A infraestrutura foi entregue ao Panamá em 1999, após tratados bilaterais firmados entre os dois países.