por Chico Alencar -----------
Em poucos lugares no mundo há tanta dificuldade em se avançar na Justiça Tributária como no Brasil.
Isso explica a posição do Brasil como o 6º país mais desigual do mundo, de acordo com a ONU.
A chamada “escalada da tensão entre Executivo e Legislativo" ocorre após, em evento com empresários, o presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmar que as medidas tributárias apresentadas pelo governo devem ter "reação muito ruim" no Congresso - isso logo depois de longo e amistoso diálogo com o ministro Haddad, da Fazenda. Duas caras?
O "mantra", com apoio quase unânime da mídia grande, é de que "o governo precisa cortar os gastos sociais". Reduzir a desigualdade tributária fica pra depois, como sempre.
Partidos do Centrão já declararam que serão contra qualquer medida arrecadatória que não venha acompanhada de "iniciativas para reduzir gastos" (mas votaram a favor de aumentar o número de deputados e apoiam todo tipo de facilitário para o Legislativo).
Na sociedade de classes, esses parlamentares defendem os interesses do agro, do mercado financeiro, das bets. É o poder do topo da pirâmide, que a quer intocável.
O presidente da Câmara afirma "não servir a nenhum projeto político", mas está alinhado com o grande capital, que não admite reformas distributivas mínimas. Querem minar a capacidade do Executivo, e, com o crescimento das emendas parlamentares e das renúncias fiscais, inibir a capacidade do governo de implementar políticas públicas para as maiorias.
Na 2a feira vão tentar, na Câmara, começar a derrubar qualquer aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (iOF), por mais justo que seja.
Fique de olho, veja quem é quem!