por Julio Take em oexpressobr ------
Uma grave denúncia de crime contra a administração pública envolvendo o secretário de Saúde, Beto Preto (PSD), ameaça desencadear um terremoto político no Paraná. As acusações, que apontam para uma suposta fraude na aquisição de estabilidade funcional de Beto Preto, podem levar o governador Ratinho Junior, o Procurador-Geral do Estado (PGE), a Secretaria de Estado da Administração e Previdência (SEAP) e a Corregedoria Geral do Estado do Paraná (CGE) a prestarem esclarecimentos à Justiça.
A denúncia, que circula em setores do funcionalismo público e agora busca os canais judiciais, alega que Beto Preto teria obtido a estabilidade como servidor público sem cumprir o período de estágio probatório, que é obrigatório. Essa manobra teria sido concretizada por meio de uma operação fraudulenta no sistema de e-protocolo da administração pública paranaense.
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Entenda o suposto esquema
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O cerne da acusação reside em dois protocolos de tramitação eletrônica. Conforme o material da denúncia, um dos e-protocolos, de número 22.502.783-8, teriam sido negado inicialmente. No entanto, um segundo protocolo, teria sido gerado por servidores da própria secretaria de Saúde. O objetivo, segundo as alegações, era fraudar o sistema para que o próprio secretário solicitasse a sua integração ao quadro de funcionários estáveis, sem a devida conclusão do estágio probatório.
A denúncia aponta que a conclusão da estabilidade teria sido validada por meio de um “Diploma do CPP-Pn”, um documento que formalizaria a entrada do secretário nos quadros efetivos do estado de forma irregular.
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Testemunhas em risco e a importância da proteção judicial
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O caso ganha contornos ainda mais sérios com a questão da proteção às testemunhas. A denúncia sublinha a “real importância de que o judiciário possa garantir a proteção às testemunhas”, uma vez que o envolvido, por ser um nome de alto escalão na gestão estadual, detém grande poder político e institucional.
A preocupação é que o poder do cargo possa inibir ou intimidar os servidores públicos que supostamente ajudaram a trazer o caso à tona, ou aqueles que possuem informações relevantes para a investigação. A garantia de sigilo e segurança para os denunciantes é vista como um passo crucial para que a apuração prossiga de forma transparente e livre de pressões.
O que as autoridades podem esclarecer?
A inclusão do governador Ratinho Junior e de órgãos de controle como a PGE, a SEAP e a CGE na necessidade de prestarem esclarecimentos sugere que a denúncia não se limita a um ato isolado do secretário. Levanta-se a suspeita de que pode haver uma falha sistêmica ou até mesmo a conivência de setores dentro da máquina pública para viabilizar a suposta fraude.
O caso, que agora deve ser levado aos canais judiciais, representa um desafio para a gestão de Ratinho Junior. O Palácio Iguaçu terá que lidar com as acusações e demonstrar que a cúpula do governo não está envolvida ou que tomará medidas enérgicas para investigar e punir os responsáveis, caso as denúncias se confirmem.
O Paraná aguarda, portanto, que as autoridades competentes se manifestem e que o sistema de justiça possa atuar para garantir a devida investigação e a proteção de todos os envolvidos neste grave episódio.