por José Gabriel
-------
Da ruidosamente anunciada negociação de paz em que uma das partes envolvidas – os EUA - fingia o absurdo papel de mediador, resultou, apresentada em conferência de imprensa por dois megalómanos psicopatas, uma proposta que não é mais que um ultimato aos palestinianos – a todos, não só ao Hamas – com a ameaça de destruição – em termos físicos e políticos – da sua causa e da hipótese de uma Palestina independente. Nem sequer, após uma rendição total e incondicional, se esboça a possibilidade do reconhecimento da Palestina, mesmo sob a forma dos dois estados. Não há aqui negociação nenhuma, há apenas uma declaração de extermínio. Isto sem falar no reiterado incumprimento, por parte de Israel, de todos os acordos dos últimos anos – três, pelos menos, já em situação de guerra.
A introdução da conferência de imprensa, feita por Trump – exibindo o seu analfabetismo em matéria de história, com aquela de isto ser “um dos maiores acontecimentos da história da civilização, em séculos, milénios…” – deu a perceber, desde logo, a fraude que estava em curso. No fundo, apenas dois compadres, criminosos amorais, a combinar o modo de resolver um problema por destruição, genocídio e o obnubilar histórico do povo palestiniano.
Cada vez percebo melhor as razões dos velhos mafiosos sicilianos quando se autodesignavam “homens de honra”. É que olhavam para exemplos como este e achavam que os seus protagonistas eram, eles sim, bandidos.