A história viva da elegância curitibana: Carlito Coelho


Houve um tempo em que Curitiba era considerada uma das capitais mais elegantes do país. Algumas lojas de moda masculina ficaram famosas: Casa Londres, Casa Cosmos, Casa Otoni, Lord Magazine, Loja Constantino, Loitner e Casa Coelho. Nesse universo de requinte e bom gosto, destacava-se Carlito Coelho, ou melhor, Carlos da Costa Coelho.

Nosso entrevistado desta edição, Carlito Coelho, é o último dos grandes lojistas de moda masculina de um tempo em que Curitiba era conhecida como uma das capitais mais elegantes do país. Ele é o proprietário da Casa Coelho, fundada em 1957 na rua Senador Alencar Guimarães, esquina com a Praça Osório.
Aos 90 anos de idade, casado, pai de três filhos, mantém a elegância no vestir e a simpatia que contagia todos que o conhecem. Ele conta que “a moda masculina muda pouco, leva em média 10 anos para apresentar mudanças, e ainda assim se limita a mudanças triviais, seja no estilo dos cortes dos paletós, formatos de botões, tecidos, cores entre outros detalhes. A moda feminina sim, muda rapidamente.”
A Casa Coelho é a última das grandes lojas de moda masculina que marcaram época na história de Curitiba. Entre nomes famosos como Casa Londres, Casa Cosmos, Casa Otoni, Lord Magazine, Loja Constantino e Loitner, restou apenas a Casa Coelho dos tempos áureos da moda masculina. Carlito conta que “a Casa Coelho é uma loja privilegiada porque tem fregueses bons e fiéis. Hoje nós atendemos os netos e os filhos dos clientes tradicionais. Mas houve um tempo em que Curitiba tinha a Chapelaria Vênus, em 1940, na Rua XV de Novembro esquina com a Marechal Floriano. Uma loja especializada em chapéus, algo raro.”


Sobre a moda jovem, industrializada, massificada pelos meios de comunicação, Carlito opina que “é feia. Acho horrível. É algo que privilegia a quantidade e não a qualidade. Felizmente existem pessoas que preferem produtos de alta qualidade. Produtos bons você encontra em poucos lugares, mas porcaria encontra em qualquer lugar.”
Carlito nasceu em 26 de março de 1926, ano da fundação do Clube Atlético Paranaense. Quando jovem, trabalhou com o pai, como escriturário. Trabalhou com vendas de automóveis e foi para São Paulo atuar como inspetor de uma companhia montadora de veículos. Regressou a Curitiba e com a gratificação que recebeu, equivalente hoje a 60.000 reais, montou sua primeira loja de roupas masculinas, trazendo para Curitiba o melhor da moda do Rio e São Paulo.
A loja foi montada no atual endereço, esquina da praça Osório com a rua Senador Alencar Guimarães, na época um local não muito propício para este tipo de comércio, uma vez que as lojas de roupas masculinas se concentravam na Rua XV de Novembro, praça Tiradentes, praça Generoso Marques e parte da Barão do Rio Branco.
Algumas pessoas não acreditavam que a loja tivesse sucesso. Na época, Carlito contratou um marceneiro espanhol para fazer a fachada e as prateleiras, com requinte e elegância. E contrariando as expectativas, a Loja Coelho cresceu, abrindo mais duas portas nas laterais, de frente para a Praça Osório.
Naquele tempo, conta Carlito Coelho, “artistas nacionais que se apresentavam no Teatro Guaíra, e ficavam hospedados no Hotel Del Rey, vinham comprar na loja. Além de ministros, desembargadores, governadores, senadores, deputados, empresários e industriais. O ex-presidente Juscelino Kubitschek comprou um par de sapatos na loja, quando veio fazer uma palestra no Teatro Guaíra”.

História no Clube Atlético Paranaense
Carlito Coelho trabalhou com três ex-presidentes do Clube Atlético Paranaense: Jofre Cabral e Silva, Santiago de Oliveira e coronel Passarino Moura.
“Sou atleticano desde criança”, conta Carlito. Na diretoria do Atlético ele foi secretário e substituiu o presidente. Foi candidato a presidente do clube, mas em plena campanha, um mês antes da eleição, sofreu um problema cardíaco, causado pela pressão que atinge os dirigentes de clubes. O médico proibiu que ele continuasse na campanha. Assumiu então, como candidato único, Lauro Rego Barros, que veio a ser Secretário de Estado da Educação.
Sobre a conclusão da Arena da Baixada, Carlito afirma que “é a realização de um sonho dos atleticanos e dos paranaenses. A Arena foi concluída graças ao trabalho e persistência do Mario Celso Petraglia. Sem ele não haveria a Arena, este estádio monumental, um dos mais bonitos e modernos do país.”