Jornalistas ameaçados de morte no Paraná


Quem pensava que ataques a jornalistas fosse uma prerrogativa de republiquetas das mais atrasadas, como ocorre no Paraguai, a surpresa é que em pleno Estado do Paraná está acontecendo essa prática condenável e inaceitável em todo o mundo.

O jornalismo - quando realizado com isenção - beneficia toda a sociedade, e por esse motivo (sem contar as leis que garantem a liberdade de expressão) deve ser respeitado e protegido.
Em alguns casos o governo federal tem recorrido à Polícia Federal para investigar ameaças e ataques a jornalistas em alguns estados.
No Paraná, um jornalista que trabalhava na apuração de denúncias de corrupção e pedofilia cometidas por agentes públicos estaduais em Londrina foi perseguido e ameaçado de morte na última semana, tendo que ser retirado do estado por questões de segurança.
O caso, que ocorreu no último dia 9, foi tornado público nesta sexta-feira pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, após certificação de que o profissional estava em segurança.
Produtor da RPC, afiliada de Rede Globo no Paraná, James Alberti estava em Londrina para aprofundar a investigação sobre rede de corrupção e pedofilia na Receita Estadual do Paraná, que já levou à prisão cerca de 20 pessoas, entre eles Luiz Abi Antoun e um ex-assessor da Casa Civil do Governo do Estado, Marcelo Caramori.
Segundo o sindicato dos jornalistas, Alberti foi perseguido e teve sua vida ameaçada por um telefonema “em que se revelava um esquema para matá-lo por meio de um suposto assalto a uma churrascaria que ele costumava jantar durante sua estadia na cidade”.
Ao receber a denúncia a RPC teria providenciado a remoção do jornalista da cidade e o enviado para fora do estado, a um destino sigiloso.
Em nota, a direção do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), do qual a RPC faz parte, informa que “denunciou à Polícia Federal, ao Gaeco e ao Governo do Estado que, durante dias, numa evidente ação de intimidação e ameaça, pessoas estranhas seguiram os passos dos seus jornalistas escalados para cobrir as denúncias de pedofilia e corrupção em Londrina. O Gaeco já iniciou investigação para identificar essas pessoas”.
O GRPCOM conta, ainda, que tomou uma série de medidas para garantir a segurança e a integridade física dos seus jornalistas. E fez um remanejamento interno para preservar o trabalho dos seus profissionais e a manutenção da cobertura jornalística. “O GRPCOM repudia qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de informação e reafirma sua disposição de continuar acompanhando as denúncias de corrupção e de pedofilia em Londrina, até a conclusão de todos os trabalhos da Polícia e da Justiça”.
É a segunda vez neste mês que jornalistas paranaenses são ameaçados. Na última semana, o sindicato denunciou que repórteres do jornal Gazeta do Povo estavam sendo coagidos pelas polícias civil e militar do estado a quebrar o sigilo de fonte e revelar como obtiveram informações para uma série de reportagens que denunciou desvios de conduta de policiais, na premiada série de reportagens “Polícia Fora da Lei”.
O jornalismo investigativo, praticado pelo grupo GRPCOM, revelou roubalheiras públicas nos mais diversos órgãos públicos e poderes.
Escândalos como o do Diários Secretos da Assembleia Legislativa do Paraná, impressão de jornal fantasma na Câmara Municipal de Curitiba, superfaturamento na construção do anexo do Tribunal de Contas, desmandos do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, entre muitos outros, despertaram a indignação popular e ações concretas na Justiça.
Muita gente desqualificada moralmente, muitos bandidos, criminosos e corruptos, estão sendo prejudicados pelas investigações que vieram a público graças ao jornalismo do GRPCOM e de alguns jornais de bairros da nossa capital. Caso esses escândalos não tivessem vindo a público, os corruptos continuariam sangrando os cofres públicos em total impunidade.
A perseguição a jornalistas no Paraná - e em qualquer lugar - é um ato covarde e inaceitável.