A imprensa é um "gabinete do ódio" contra a Rússia

por Cesar Benjamin Uma das marcas da guerra na Ucrânia tem sido a transformação de toda a grande imprensa numa espécie de “gabinete do ódio”. Nunca vi um grau tão elevado de cinismo e de manipulação. Quem tem outras fontes de informação fica abismado. Isso atinge também o aspecto puramente militar. Acabo de ler um relatório do Ministério da Defesa da França. A síntese é: a Rússia está obtendo todos os seus objetivos, usando apenas 150 mil soldados. A guerra que vocês veem na grande imprensa, cheia de vitórias ucranianas, é uma obra de ficção. Os franceses dizem que o que desencadeou o ataque russo foi a concentração de 60.000 soldados ucranianos, fortemente armados, para uma ofensiva decisiva contra a região separatista de Donetsk, cuja independência havia sido recém-reconhecida pela Rússia. Esse enorme contingente, que reúne a elite do Exército ucraniano, está cercado e será destruído em quatro semanas. Depois de praticamente completar a eliminação dos 15 mil homens do Regimento Azov (nazista) em Mariupol, os russos, segundo a análise dos franceses, estão liberando tropas para realizar esse ataque. A infraestrutura militar da Ucrânia já deixou de existir. Para o bem e para o mal, o país terminará a guerra sem forças armadas, como Putin havia anunciado. Apesar da vitória militar que se aproxima, não creio que os russos ganharão a guerra, numa visão mais ampla. O grande vitorioso são os Estados Unidos, que, não por acaso, forçaram que o conflito ocorresse e se esforçam para estendê-lo. Já falei sobre isso, inclusive antes da guerra começar. Os franceses demonstram grande preocupação com o destino de milhares de peças portáteis modernas – incluindo bazucas antitanques e mísseis terra-ar – que os Estados Unidos estão entregando para extremistas ucranianos. Dizem que a Europa passará a conviver com milícias neonazistas fortemente armadas. Depois de criar a Al Qaeda e organizar os Talebãs, que atuam principalmente na Ásia, e de usar o Estado Islâmico contra a Síria, agora os Estados Unidos implantam organizações do mesmo tipo no coração da Europa. Tudo em nome da democracia, sob aplausos gerais.