Pernambuco - Nossos assassinatos imobiliários

Por José Maschio ------ Pernambuco contabiliza a morte de 106 pessoas e outras 10 desaparecidas. E isso nem incomoda mais. Falta empatia para a morte alheia. Afinal, somos um país que nem lamenta quase 670 mil morte por Covid-19. Nossas autoridades atribuem às mudanças climáticas essas mortes. Hipocrisia pura. Não são mortes. São assassinatos imobiliários. O mundo, desde o Eco 92, no Rio, foi alertado sobre a mudança no clima. Mas, especialmente no Brasil, nada se fez ou se faz para prevenir esses desastres. É que a prevenção passa, necessariamente, por uma política habitacional que contemple os excluídos. Mas a desenfreada especulação imobiliária, apoiada por governos e governantes, impede qualquer discussão séria sobre nosso déficit habitacional. E a população pobre é jogada (em todo o país) para ocupações irregulares (fundos de vale, encostas de morros, pântanos e margens de rios). Assassinatos imobiliários como o de Pernambuco são tragédias anunciadas. Nunca prevenidas. E nem mesmo sensibilizam uma Nação presa à letargia de seu retrocesso civilizatório.