BNDES do Bolsonaro vai perdoar 70% da dívida multimilionária da empresa do Collor

Fonte: UOL ---- O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sinalizou ter chegado a um acordo com a OAM (Organização Arnon de Mello) para votar a favor do plano de recuperação judicial das empresas de comunicação da família Collor de Mello em Alagoas. O grupo negocia um total de R$ 64 milhões em dívidas, das quais o banco público é o maior credor. Após quase três meses de negociação, um aditivo foi incluído ao plano pela empresa devedora na última segunda-feira (4). A coluna teve acesso ao novo plano, em que a OAM altera a proposta inicial, prevendo um perdão de 70% do débito original com o BNDES. Só com o banco as dívidas totalizam R$ 14,4 milhões, em valores de 2019. Se o BNDES aceitar a proposta, haverá uma carência de 12 meses para o início do pagamento e prazo de 126 meses até sua conclusão. Procurado, o BNDES informou que não comenta negociações em andamento. Já a OAM não comentou até a última atualização deste texto. Ele será atualizado se houver uma resposta. O senador Fernando Collor de Mello, principal acionista do grupo, informou que não fala sobre a recuperação judicial. A nova proposta da OAM cria uma condição diferente para bancos públicos —mas só o BNDES está na lista. Há um deságio e carência menores, mas com um prazo maior para pagamento, se comparado com os demais credores da classe (que é de 96 meses). A OAM negociava com o BNDES desde a primeira assembleia geral dos credores, no dia 12 de abril. Pouco depois da abertura dos debates, a votação foi suspensa, a pedido da empresa, para ajustes no plano. A assembleia chegou a ser reiniciada no dia 24 de maio, mas também foi suspensa. O grupo pediu mais prazo para finalizar um novo plano. A nova versão, porém, só alterou condições ao BNDES. O adiamento nas duas primeiras oportunidades ocorreu porque o BNDES teria demonstrado insatisfação com a proposta —que previa um deságio de 80% e carência de 18 meses para quitar o débito. O novo e definitivo encontro com os credores ocorre na próxima quarta-feira (13), quando a assembleia decide se aprova ou nega o plano. Caso seja reprovado, a empresa segue para o processo de falência. Se aprovado, vai para homologação judicial. Em ambos os casos, pode haver recursos das partes. Segundo apurou a coluna, a OAM conta com o provável voto da maioria de duas das três classes votantes (trabalhadores e microempresas), mas havia incerteza quanto a outra classe, dos quirografários (que inclui empresas e instituições que precisam comprovar o débito). Sinalização em reunião Além do aditivo acrescentado pela OAM, uma sinalização de que o BNDES teria aceitado os novos termos veio após uma reunião de integrantes do banco com outros credores, na segunda-feira (4), que tentava avançar em uma negociação ao plano original. O advogado de Marcelo Andreatta, que representa um grupo de credores trabalhistas no processo, confirmou à coluna que os credores estavam tentando sugerir mudanças ao plano original, que melhorasse o pagamento pela OAM —inclusive ao BNDES. Mas, após encontro no último dia 4, o BNDES informou que não teria mais interesse em participar dessa negociação. "Fui informado que, em princípio, eles apoiariam o aditivo apresentado pela empresa", diz. Segundo Andreatta, a proposta apresentada é desvantajosa e poderia ser melhorada para todos, em especial para o BNDES (que é o maior credor). "Um conjunto de credores trabalhistas está articulado para construir um plano de recuperação judicial que responda às mínimas expectativas do conjunto dos credores, inclusive de outras classes. Buscamos construir uma alternativa para melhorar as condições de pagamento, mas o banco sinalizou apoiar a proposta da empresa", diz. (...)