Só detectando a farsa o eleitorado pode evitar a tragédia

Messias Mendes Almeida ----- Os ministros militares não queriam deixar Jango assumir a presidência após a renúncia de Jânio. A elite brasileira e a classe média idiotizada também não queriam, porque suspeitavam ser João Goulart um comunista. Ainda mais que ele estava retornando da China, onde , em missão diplomática, esteve com Mao Tsé-tung. Mas Jango era um estanceiro, de comunista não tinha nada. Era, porém, um homem de ideias avançadas, preocupado com o social. Seu bom relacionamento com os trabalhadores, por meio dos sindicatos, incomodava os grandes empresários e provocava comichão nos militares. Mas ele precisava assumir, porque era assim que previa a Constituição da República. O jeito foi tramar um remendo. Fizeram então o parlamentarismo, por meio de uma PEC (ah, as PECs!) , Jango assumiu como chefe de estado, mas não governava. Incomodado com o seu papel de rainha da Inglaterra, Jango manobrou para ter um plebiscito. Teve e a população derrubou o sistema gestado nas coxas. João Goulart passou a governar, planejou reformas de base profundas, inclusive a reforma agrária. Não demorou e veio o golpe militar de 1º. de abril, que ficou como sendo 31 de março por ser 1º. de abril o dia da mentira. A justificativa era o risco do comunismo no Brasil. Aí uma farsa parecida com o da Intentona Comunista que justificou a Carta Polaca de 1937 se fez realidade em 1964. A história se repete e volta e meia ressurge como farsa ou como tragédia. Atualmente, na era Bolsonaro surge das duas formas. Urge que a sociedade brasileira compreenda a farsa e se qualifique para em outubro, evitar a tragédia.