COPA: ESTAMOS CONDENADOS A TORCER POR FANÁTICOS RELIGIOSOS

Por Mauricio Mendes de Oliveira ----- Dos 26 convocados da Seleção Brasileira que vão disputar a Copa do Mundo no Qatar, a ampla maioria dos jogadores tem lado político bem à direita. Outros tantos só sabem agradecer à Deus pelos seus gols e conquistas. A cada vitória dos profissionais da bola evangélicos, frases como "foi o Senhor que me permitiu...", "quero agradecer à Deus por essa vitória...", "Jesus me ajudou neste caminho...". Palavras de agradecimento aos massagistas, roupeiros, porteiros, maqueiros e funcionários dos clubes e da CBF são raras. O próprio caminho trilhado da miséria à glória de muitos desses atletas dificilmente será lembrado pelo esforço próprio e pela luta daqueles que acreditaram e investiram neles. Mais fácil atribuir tudo à Deus de joelhos no gramado e com o dedo apontado para o céu. Fico imaginando se fossem os jogadores árabes à beijar o chão por Alah a cada gol marcado, que escândalo! Estamos fadados a torcer para uma seleção de jogadores de futebol que mais parecem ter saído de um culto da Assembleia de Deus. A camisa verde e amarela, outrora patrimônio de um povo sofrido e trabalhador, carrega hoje o cheiro e a imagem de tudo aquilo que o Brasil mereceria se livrar: o fanatismo religioso e a intolerância social. Se ganhar, bem. Se não ganhar, amém.