Cristina Kirchner reage ao lawfare e diz: "podem me prender"

Vice-presidente argentina diz ter sido condenada por uma máfia judicial ---- Sputnik – A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, reagiu nesta terça-feira (6) à condenação expedida contra ela pelo Tribunal Oral Federal 2. A vice-presidente disse que foi condenada por uma "máfia judicial" e destacou que o ponto principal da decisão é a inabilitação perpétua de seus direitos políticos. "A condenação não é de seis anos de prisão. A condenação real é a inabilitação perpétua para cargos políticos eletivos. Quando todos os cargos que acedi foram por voto popular", disse Kirchner em pronunciamento. A vice-presidente afirma que está sendo condenada por "um estado paralelo, uma máfia judicial" por conta dos seus triunfos eleitorais nos últimos anos, inclusive o de 2019, em que conseguiu reerguer o peronismo na chapa com Alberto Fernández em um momento em que não se esperava tal reviravolta. "Eles me inabilitam por isso [os triunfos do kirchnerismo], digam o que quiserem dizer. E sabem que vou fazer a mesma coisa que fiz no dia 10 de dezembro de 2015. Lembro quando Daniel Scioli me procurou para propor que eu fosse um candidata a deputada para dar força à lista [eleitoral]. Não vou submeter a força política que me deu a honra de ser duas vezes presidente e vice-presidente a ser maltratada com 'candidato condenado', com 'inabilitação perpétua', com 'administração fraudulenta do Estado'", afirmou Kirchner. "Eu não serei candidata. Aliás, ótimas notícias para você, Magnetto. Porque no dia 10 de dezembro de 2023 não terei foro privilegiado, não serei vice-presidente, então você poderá mandar seus capangas da Corte Suprema me prender, mas nunca serei seu animal de estimação. Não vou ser candidata a nada!" A Justiça argentina condenou hoje (6) a vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner a seis anos de prisão e inabilitação especial vitalícia para o exercício de cargo público. Apesar da condenação, ela não será presa porque tem foro privilegiado. Ela é acusada de "administração fraudulenta" e de ter beneficiado uma empresa privada em licitações de obras públicas na província de Santa Cruz, entre 2003 e 2015, durante a sua passagem pela presidência e a do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007). De acordo com a acusação, a organização chefiada pela vice-presidente cometeu fraudes que tiraram US$ 1 bilhão (R$ 5,24 bilhões) do Estado argentino. Ela nega as acusações e afirma que é vítima de uma perseguição política. O advogado criminalista argentino Flavio Andres Garisoine disse à Sputnik que Kirchner pode concorrer à presidência apesar do veredicto, já que ainda não é definitivo, e ela tem o direito de apelar. A consideração da apelação de Kirchner levaria anos, disse o advogado, acrescentando que ela não seria presa imediatamente.