A mão planetária que tentou o golpe

Rudolfo Lago --- Congresso em Foco --- A mão do sujeito de camisa preta estampada com a cara de Jair Bolsonaro teve ajuda planetária para derrubar e destruir o relógio de mais de 300 anos que a família real portuguesa trouxe para o Brasil em 1808. A consciência demonstrada pelo presidente Lula na entrevista concedida à jornalista Natuza Nery, da Globo News, na noite de quarta-feira (18) de que o avanço da extrema-direita não é um problema localizado, mas mundial, é certamente um dos pontos mais importantes de tudo o que foi dito. Demonstra que Lula, de fato, tem hoje plena consciência do tamanho do desafio que tem pela frente e de quem são realmente os seus inimigos. E, no caso, embora estampe a camiseta preta do fascista que destruiu o relógio, o maior desses inimigos talvez não seja Bolsonaro. E seja um erro chamar aquele vândalo e os demais de bolsonaristas. Bolsonaro talvez tenha sido apenas o nome que a extrema-direita mundial encontrou para vencer uma eleição no maior país da América Latina. E essa extrema-direita bem poderá encontrar outros Bolsonaros à disposição. Rei morto, rei posto. Muito mais, portanto, que a definição de uma estratégia para obter apoios internos e neutralizar seus opositores locais, a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro e a tarefa que Lula terá agora pela frente para debelar suas consequências faz parte de um esforço mundial, do qual participam também outros líderes do planeta. É a democracia e seus valores que está ameaçada. E não apenas no Brasil.