Resgatando memórias da ditadura militar pós Golpe de 64

Enquanto que na Argentina e Uruguai, entre outros países da América Latina, militares golpistas foram parar atrás das grades, no Brasil o que se viu foi completa impunidade dos bandidos e terroristas fardados que promoveram torturas e atentados no período da ditadura militar instaurada em 1964, orquestrada pelo governo dos EUA. Essa impunidade gerou um sentimento de superioridade de alguns generais que seguiram promovendo desgraças no país, impedindo o progresso e o desenvolvimento nacional, como na eleição do presidente mais burro da história do Brasil, o ex-capitão Jair Bolsonaro. Para não esquecer o que aconteceu nos porões da ditadura militar no Brasil. Depoimento de uma professora barbaramente torturada na ditadura: É PRECISO CONTAR PARA QUE NUNCA SE ESQUEÇA: A primeira forma de torturar foi me arrancar a roupa. Lembro-me que ainda tentava impedir que tirassem minha calcinha, que acabou sendo rasgada. Começaram com choque elétrico e dando socos na minha cara. Com tanto choque e soco, teve uma hora que eu apaguei. Quando recobri a consciência, estava deitada, nua, numa cama de lona com um cara em cima de mim, esfregando meu seio. Era o Mangabeira (codinome do escrivão de polícia de nome Gaeta), um torturador de lá. A impressão que eu tinha era de que estava sendo estourada. Aí começaram novas torturas. Me amarraram na cadeira do dragão, nua, e me deram choque no anus, na vagina, no umbigo, no seio, na boca, no ouvido. Fiquei nessa cadeira, nua, e os caras se esfregavam em mim, se masturbavam em cima de mim. A gente sentia muita sede e, quando eles davam água, estava com sal. Eles punham sal para você sentir mais sede ainda. Depois fui para o pau de arara. Eles jogavam coca-cola no nariz. Você ficava nua como frango no açougue, e eles esperando o seu pé, suas nadegas, falando que era o soro da verdade. Mas com certeza a pior tortura foi ver meus filhos entrando na sala quando eu estava na cadeira do dragão. Eu estava nua, toda urinada por conta dos choques. Quando me viu, a Janaína perguntou : “Mãe, por que você está azul e o pai verde?” ---- MARIA AMÉLIA DE ALMEIDA TELES, ex-militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), era professora de educação artística quando foi presa em 28 de dezembro de 1972, em São Paulo (SP) pela ditadura militar no Brasil.