Bolsonaro, o terrorista biológico, viajou não-vacinado pelo mundo

Bolsonaro não é apenas um criminoso que tentou surrupiar joias e armas doados ao governo e aplicar um golpe de Estado em seu país. Não é apenas um sociopata que ignorou a ciência e promoveu remédios e tratamentos inúteis contra a Covid. É um terrorista biológico. Revista Forum ------ por Miguel do Rosário ------ Bolsonaro não é apenas um criminoso que tentou surrupiar joias e armas doados ao governo e aplicar um golpe de Estado em seu país. Não é apenas um sociopata que ignorou a ciência e promoveu remédios e tratamentos inúteis contra a Covid. Bolsonaro também é um terrorista biológico que, em plena pandemia, viajou não-vacinado pelo mundo, disseminando cepas próprias do Brasil para outros países. As primeiras vacinas disponíveis no Brasil foram a CoronaVac e a AstraZeneca, e começaram a ser aplicadas, após aprovação da Anvisa, em janeiro de 2021. A primeira brasileira vacinada foi a enfermeira Mônica Calazans, no dia 17 de janeiro de 2021, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. A partir dessa data, portanto, o presidente da república do Brasil, Jair Bolsonaro, tinha o compromisso moral de viajar para outros países apenas após ser devidamente vacinado em seu país. Não foi o que aconteceu. Após o início das investigações envolvendo fraude em carteiras de vacinação do presidente Bolsonaro e de seus assessores mais próximos, o próprio presidente da república veio a público admitir, repetidamente, em diversas entrevistas gravadas ao vivo que ele jamais se vacinou. Pois bem. O Wikipédia tem uma página dedicada apenas às viagens internacionais do presidente Bolsonaro. Vamos listar aqui as viagens de Bolsonaro a partir de janeiro de 2021, ou seja, após a vacina contra a Covid estar disponível no Brasil. A partir de maio de 2021 (meses após o início da vacinação no Brasil) Bolsonaro viajou sem a devida imunização para Equador, EUA, Itália (várias cidades), Vaticano, Emirados, Bahrein, Catar, Suriname, Rússia, Hungria, Guiana, EUA, Paraguai, Reino Unido, EUA, EUA, EUA. Foram quatro viagens para os Estados Unidos sem imunização contra a Covid. Em diversos desses eventos, Bolsonaro encontrou-se com chefes de Estado dos países visitados. Aliás, como houve diversos eventos multilaterais, Bolsonaro encontrava-se, em cada viagem, com lideranças de muitos países. Só um exemplo: em setembro de 2021, em Nova Iorque, Bolsonaro se encontrou com o então primeiro ministro britânico Boris Johnson, o presidente da Polônia Andrzej Duda e o secretário das Nações Unidas Antônio Guterres. *** Alguns órgãos de mídia, ao mencionar as viagens internacionais do presidente, observam que a obrigatoriedade de vacinação frequentemente não se estendia a chefes de Estado e comitiva. Entretanto, creio que existe neste caso uma grande confusão de ordem ética. A confusão é a seguinte: assim como os privilégios diplomáticos concedidos a chefes de Estado não deveriam ser razão para que eles usem seus respectivos aviões para tráfico de órgãos, crianças, entorpecentes e armas, o mesmo vale para o vírus da Covid. Numa pandemia que já havia matado e ferido milhões de pessoas, em todo o planeta, obrigando todos os países a imporem severas restrições sanitárias para a entrada de estrangeiros, qual o sentido de um chefe de Estado se aproveitar de uma "brecha diplomática" para andar por aí sem a devida imunização? Bolsonaro viajou quatro vezes para os Estados Unidos sem estar vacinado, e a legislação americana era bastante clara. Todo estrangeiro apenas poderia ingressar nos EUA após apresentação de comprovante de vacinação contra a Covid. Se essa obrigatoriedade não se estendia a chefes de Estado, isso consiste apenas numa cortesia diplomática, que jamais poderia ser explorada de maneira tão egoísta e insensata como fez Bolsonaro. Não satisfeito de ter sido responsável, segundo a conclusão da CPI da Covid, pela morte de centenas de milhares de pessoas, vítimas da incúria pessoal do presidente da república, Bolsonaro levou sua postura de assassino em massa para outros países. A mídia brasileira e internacional precisa tomar cuidado para tratar essa informação com a devida gravidade. Por exemplo, reportagem do BBC Brasil sobre o caso é intitulada: "Bolsonaro não precisou de registro de vacina para ir aos EUA". A matéria traz o seguinte trecho, no terceiro e quarto parágrafos: Embora, desde 2021, todos os viajantes aos EUA por via aérea tivessem que comprovar ter tomado ao menos duas doses de imunizantes contra o novo coronavírus, no mínimo 15 dias antes do embarque, o Center for Disease Control and Prevention (CDC) prevê uma lista de exceções à regra. A primeira delas se aplica a "pessoas em viagens diplomáticas ou oficiais de governos estrangeiros", caso de Bolsonaro. Por ser menor de 18 anos, a filha do ex-presidente, Laura, também se incluiria em uma exceção prevista pelo CDC. Ora, poderíamos falar a mesma coisa sobre artefatos nucleares. Nenhum viajante normal para os EUA pode levar em sua bagagem, tanto a de mão quanto aquela que precisa despachar, pequenas bombas nucleares ou frascos contendo vírus letais. Para evitar que isso aconteça, todo mundo passa por um controle rigoroso tanto na saída do Brasil quanto na entrada dos Estados Unidos. Chefes de Estado não passam por um controle tão rigoroso. Isso não significa, todavia, que eles possam entrar nos EUA portanto artefatos nucleares ou armas biológicas. O Sars-Cov-2, nome do vírus que causa a Covid-19, matou 1,13 milhão de americanos desde o início da pandemia até hoje. Para se ter uma ideia, estima-se que cerca de 31 mil americanos morreram na Guerra da Independência, 655 mil na Guerra Civil, 116 mil na Primeira Guerra, 405 mil na Segunda Guerra e 58 mil na Guerra do Vietnam. Ou seja, somando as guerras mais sangrentas e terríveis em que os EUA se envolveram, temos 1,26 milhão de mortos. Em cerca de dois anos de pandemia, quase a mesma quantidade de cidadãos americanos pereceram vítimas de um vírus. E mesmo diante desses números, que já eram claros em 2021, o presidente da república do Brasil, com acesso direto aos maiores cientistas do país, viajou quatro vezes aos Estados Unidos sem a devida imunização. É difícil imaginar uma irresponsabilidade tão grande. Não satisfeito de não se vacinar, Bolsonaro também não vacinou sua própria filha. Além disso, Bolsonaro corrompeu de tal maneira seus assessores mais diretos, como o tenente-muambeiro Mauro Cid, que a esposa deste viajou diversas aos EUA, desde 2021, usaram uma carteira de vacinação fraudada. Tem algumas ações que a gente considera inapropriadas, mas não são exatamente imorais. Tem outras que são imorais, embora não sejam consideradas crimes. Há crimes graves, que podem condenar seu autor a muitos anos de prisão, mas que uma pessoa mais liberal poderia considerar como sem grande gravidade moral. Agora, um chefe de Estado se aproveitar de um brecha nos trâmites diplomáticos para promover um ataque biológico a outro país? Esse é um crime que leva seu autor direto para o último círculo do inferno!