Delgatti implica altas patentes do Exército na conspiração para melar eleição de Lula

Freire Gomes e Paulo Cesar Nogueira de Oliveira. .Wikipedia / Presidência da República ------ Revista Forum ----- Ao depor na CPMI do Golpe, o hacker Walter Delgatti afirmou que foi ele quem ofereceu aos militares, depois de cinco reuniões no Ministério da Defesa, os dados que constaram no relatório oficial da auditoria. ---- Sob pressão extraordinária do governo Bolsonaro e de seus apoiadores, o ministro do TSE, Edson Fachin, concordou que as Forças Armadas tutelassem as eleições de 2022, em que o presidente Lula venceu Jair Bolsonaro por 1.888.485 de votos. O Ministério da Defesa formou a Equipe de Fiscalização e Auditoria do Sistema Eletrônico de Votação (EFASEV), chefiado pelo coronel Marcelo Nogueira de Sousa. Hoje, ao depor na CPMI do Golpe, o hacker Walter Delgatti afirmou que foi ele quem ofereceu aos militares, depois de cinco reuniões no Ministério da Defesa, os dados que constaram no relatório oficial da auditoria. “A ideia do ministro era de que [a urna eletrônica] não era segura”, disse Delgatti, ao depor sobre a formulação do relatório, fazendo referência ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, general do Exército. O relatório do Ministério da Defesa, de 63 páginas, foi apresentado no dia 9 de novembro de 2022. Além do coronel Marcelo de Sousa, o relatório foi assinado pelo coronel aviador Wagner Oliveira da Silva e pelo capitão de fragata Marcus Rogers Cavalcante Andrade, além de ser endossado pelo ministro da Defesa. “O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas e no processo eleitoral de 2022”, reagiu à época o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE. No dia 10 de novembro, diante das críticas ao relatório dos militares, o Ministério da Defesa publicou em sua página oficial uma nota com o título “Relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”. O TSE respondeu à nota. "Os computadores em que são compilados os códigos-fonte dos sistemas eleitorais não ficam permanentemente conectados à internet. Ao contrário, ficam em rede apartada [separada] da internet, com eventuais e controladas aberturas de acesso à rede mundial para atualização de drivers dos tokens utilizados pelas entidades externas (dentre elas, as Forças Armadas) para a realização de assinatura digital dos códigos-fonte”, rebateu. Sobre o código-fonte, esclareceu: "As próprias Forças Armadas, ainda que apenas a partir de agosto de 2022, também examinaram os códigos-fonte. Ao final desse período, todo o código-fonte que estava disponibilizado no ambiente de inspeção de código foi compilado durante cerimônia pública e assinado digitalmente por diversas instituições”. Em seu depoimento à CPMI, Walter Delgatti também disse ter tido contato com o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandou o Exército entre março e dezembro de 2022. Anteriormente, também afirmou ter tido interlocução com o coronel Eduardo Gomes da Silva, assessor da Casa Civil que foi posteriormente indicado para comandar a Secretaria Especial de Modernização do Estado (Seme). O coronel ficou conhecido por ter participado de uma live de Bolsonaro no dia 29 de julho de 2021, em que foi apresentado como “analista de inteligência”. Ele colocou em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. Em seu depoimento, Delgatti também citou como intermediário o coronel Marcelo Jesus, do Exército, que o teria levado ao comandante do Exército Freire Gomes.