Fraudes em cartões de vacinação foram ordem de Bolsonaro, diz Cid à PF

Afirmação foi feita em delação premiada e contraria discurso do ex-presidente e de seus aliados ---- POR RAPHAEL SANZ - Revista Forum ----- Ao contrário do que dizia Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados sobre o escândalo das fraudes nos cartões de vacinação contra a Covid-19, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, disse em delação premiada à Polícia Federal que foi o próprio ex-presidente quem ordenou a confecção dos documentos adulterados. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (23) por Aguirre Talento, no Uol, depois que três fontes do jornalista, que acompanharam as negociações com Cid, confirmaram a declaração. Em maio, o próprio Bolsonaro dizia que não conhecia as fraudes nos cartões de vacinação e que tampouco havia orientado ninguém nesse sentido. Fábio Wajngarten, seu advogado e ex-Secom, reafirmou a versão do ex-presidente à reportagem supracitada e agregou que seu visto para os EUA não precisaria do certificado de vacinação, assim como o de sua filha mais nova. Mas as investigações acerca das fraudes nos cartões de vacinação são talvez as mais avançadas na PF que podem levar Bolsonaro à cadeia. Ainda no começo do ano foi descoberta uma série de mensagens no celular de Cid em que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro pedia a inserção de dados falsos no sistema eletrônico do SUS - mais tarde ficaria comprovado que essas inserções possibilitaram os cartões fraudados. Além de Bolsonaro e sua filha Laura, a própria família de Cid teria fraudado certificados de vacinação para si. Foi com essas informações que em 3 de maio a PF realizou a Operação Venire, que fez buscas e apreensões na casa de Bolsonaro em Brasília, além de uma série de outras buscas e prisões. Um dos presos foi Ailton Barros, aliado de longa data de Bolsonaro. O ex-major do Exército teria feiro parte do esquema que operava a fraude em postos de saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ). Mauro Cid também foi preso em 3 maio no âmbito da Operação Venire e acabou solto em 9 de setembro após homologar um acordo de delação premiada.