Moro fugiu de oficial de Justiça que tentou intimá-lo por investigação no CNJ

Sergio Moro e Gabriela Hardt. Reprodução/Redes Sociais ------- por Plinio Teodoro - Revista Forum ----- Além de Moro, a juíza Gabriela Hardt e três desembargadores do TRF-4 são investigados por conluio para favorecer a Lava Jato em repasse bilionário da Petrobras para cumprir acordos com a Justiça. ------ Edição da semana Menu Pincipal LAVAJATISMO Moro fugiu de oficial de Justiça que tentou intimá-lo por investigação no CNJ Além de Moro, a juíza Gabriela Hardt e três desembargadores do TRF-4 são investigados por conluio para favorecer a Lava Jato em repasse bilionário da Petrobras para cumprir acordos com a Justiça. Plinio Teodoro POR PLINIO TEODORO Escrito em Política 30/10/2023 · 11:08 Moro fugiu de oficial de Justiça que tentou intimá-lo por investigação no CNJ Sergio Moro e Gabriela Hardt. Reprodução/Redes Sociais Alvo de inquérito no Conselho Nacional de Justiça após correição determinada pelo ministro Luis Felipe Salomão na 13ª Vara Federal de Curitiba, o senador Sergio Moro (União-PR) está fugindo do oficial de Justiça que busca, a todo custo, intimá-lo sobre a investigação. Segundo informações do jornal O Globo, o oficial de justiça devolveu as intimações de Sergio Moro e de sua substituto na 13ª Vara, Gabriela Hardt, no dia 29 de setembro após tentar, sem sucesso, intimar os dois. No caso de Moro, o oficial esteve no escritório do senador em Curitiba em duas ocasiões, mas não o encontrou. Ele, então, teria pedido o número de telefone de Moro, que foi negado pelos assessores do senador. Após obter o número, o oficial teria deixado recado e enviado o número de seu telefone, mas Moro não retornou. Já Gabriela Hardt teria respondido ao contato do oficial de Justiça dizendo que estava em viagem aos EUA. Moro fugiu de oficial de Justiça que tentou intimá-lo por investigação no CNJ Sergio Moro e Gabriela Hardt. Reprodução/Redes Sociais Alvo de inquérito no Conselho Nacional de Justiça após correição determinada pelo ministro Luis Felipe Salomão na 13ª Vara Federal de Curitiba, o senador Sergio Moro (União-PR) está fugindo do oficial de Justiça que busca, a todo custo, intimá-lo sobre a investigação. Segundo informações do jornal O Globo, o oficial de justiça devolveu as intimações de Sergio Moro e de sua substituto na 13ª Vara, Gabriela Hardt, no dia 29 de setembro após tentar, sem sucesso, intimar os dois. PUBLICIDADE NOTÍCIAS RELACIONADAS Advogado relata ocaso de Sergio Moro a partir de suas idas a um restaurante de Curitiba Advogado relata ocaso de Sergio Moro a partir de suas idas a um restaurante de Curitiba Justiça eleitoral do Paraná inicia processo de cassação de Sergio Moro Justiça eleitoral do Paraná inicia processo de cassação de Sergio Moro No caso de Moro, o oficial esteve no escritório do senador em Curitiba em duas ocasiões, mas não o encontrou. Ele, então, teria pedido o número de telefone de Moro, que foi negado pelos assessores do senador. Após obter o número, o oficial teria deixado recado e enviado o número de seu telefone, mas Moro não retornou. Já Gabriela Hardt teria respondido ao contato do oficial de Justiça dizendo que estava em viagem aos EUA. NOTÍCIAS RELACIONADAS Entrevista exclusiva com Tony Garcia, o "espião" de Sergio Moro Entrevista exclusiva com Tony Garcia, o "espião" de Sergio Moro Correição do CNJ sobre Lava Jato: “Conluio para favorecer força-tarefa” Correição do CNJ sobre Lava Jato: “Conluio para favorecer força-tarefa” --------- Irregularidades ------ A investigação inédita contra Moro e Gabriela Hardt apura possíveis irregularidades da época em que atuava como juiz na gestão de recursos bilionários oriundos dos acordos de colaboração e de leniência firmados pela operação Lava Jato com a Petrobrás e homologados pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Além deles, são alvos da corregedoria os desembargadores federais Loraci Flores de Lima, João Pedro Gebran Neto e Marcelo Malucelli, todos do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A correição realizada na 13ª Vara e no TRF-4 pontou uma “gestão caótica” dos recursos de acordos de leniência entre 2015 e 2019, período em que a Petrobrás era investigada nos Estados Unidos e Moro comandava a 13ª Vara Federal, que homologou tais acordos com a petrolífera. Segundo Luís Felipe Salomão, Moro autorizou o repasse de R$2,1 bilhões à Petrobrás no período investigado, e há, nesta movimentação, “indícios de violação reiterada dos deveres de transparência, de prudência, de imparcialidade e de diligência do cargo”. O corregedor nacional de Justiça aponta que esse repasse foi feito “ao ímpeto de efetuar a execução imediata dos termos estabelecidos nos acordos firmados pela força-tarefa, o que terminava por consolidar verdadeira dispensa do devido processo legal”. Em outras palavras, Moro teria tentado, atendendo aos seus interesses e aos da Lava Jato, à época comandada pelo então procurador Deltan Dallagnol, “fazer voltar” esses recursos dos acordos de leniência para criar a “Fundação Lava Jato”, que seria sediada em Curitiba e promoveria o “combate à corrupção”. "O alegado combate à corrupção não pode servir de biombo para se praticar, no processo e na atividade judicante, as mesmas condutas que se busca reprimir", escreveu Salomão no despacho em que determinou a abertura de investigação contra Moro. "Durante a operação intitulada Lava Jato, foi adotado pelo então juiz federal Sergio Fernando Moro, juntamente com integrantes da força-tarefa que se formou para executar aquela operação, critério de destinação dos valores decorrentes dos acordos de colaboração e de leniência absolutamente distante do critério legal de decretação de perda", prosseguiu o corregedor. ---------- Como funcionava o esquema ----- Segundo o relatório parcial da correição extraordinária realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba, que motivou a abertura da investigação contra Moro, os repasses bilionários à Petrobrás foram feitos antes do trânsito em julgado de parte das ações penais que a empresa era alvo. Moro e Gabriela Hardt teriam, ainda, desconsiderado o fato de que a petrolífera estava sob investigação de autoridades norte-americanas desde novembro de 2014, na condição de ré em processos que apuravam suspeitas de corrupção. “Verificou-se a existência de um possível conluio envolvendo os diversos operadores do sistema de justiça, no sentido de destinar valores e recursos no Brasil, para permitir que a PETROBRAS pagasse acordos no exterior que retornariam para interesse exclusivo da força-tarefa”, diz um trecho do relatório elaborado por membros do CNJ. Esse “interesse exclusivo da força-tarefa” citado na correição extraordinária se trata da intenção de Moro, Dallagnol e cia de criar a chamada “Fundação Lava Jato”. De acordo com o mesmo documento do CNJ, a correição extraordinária identificou ausência do “dever de cautela, de transparência, de imparcialidade e de prudência de magistrados que atuaram na Lava Jato, promovendo o repasse de valores depositados judicialmente e bens apreendidos à Petrobrás e outras empresas antes da sentença com trânsito em julgado, que retornariam no interesse de entes privados, como foi o caso da intenção da criação da Fundação Lava Jato com cerca de R$ 2,5 bilhões”. Na prática, o esquema funcionaria da seguinte maneira: a Lava Jato repassou R$ 2,1 bilhões à Petrobrás e, depois, houve o “retorno” de R$2,5 bilhões que seriam destinados ao “interesse exclusivo” da operação, que seria a criação da tal fundação. O ministro Flávio Dino, da Justiça, explica: “Foram dois acordos. No primeiro, a Petrobrás aparece como vítima. No segundo, a Petrobrás aparece como autora de danos, com participação dos Estados Unidos e da Suíça. Esse dinheiro teria dois destinos, para a fundação e para pagar alguns acionistas minoritários da própria Petrobrás”. A declaração de Dino veio após o ministro receber o relatório parcial da correição extraordinária realizada na 13ª Vara Federal. Na ocasião, ele anunciou, ainda, que solicitou à Polícia Federal que constitua um grupo de trabalho junto ao CNJ para apurar o caso. "[A PF vai] investigar a origem e o destino do dinheiro, de onde o dinheiro veio, como veio, e para onde foi. E se houve, na origem, no uso, no destino, alguma ilegalidade", assegurou Flávio Dino.