Netanyahu defende “limpeza étnica em Gaza”, denuncia Fepal

Federação Árabe-Palestina do Brasil explica relatório do Instituto Misgav para a Segurança Nacional e Estratégia Sionista, que festejou “oportunidade rara e única para realocação final da população de Gaza” A Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal) usou suas redes sociais nesta terça-feira (24) para denunciar uma publicação do Instituto Misgav para a Segurança Nacional e Estratégia Sionista, um think tank ligado ao premiê de Israel Benjamin Netanyahu, que festeja a possibilidade de uma “limpeza étnica” na Faixa de Gaza. O relatório que avalia a recente escalada no conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino e foi compartilhado na rede Mondoweiss. A principal tese do documento aponta que Israel deve aproveitar o conflito para concretizar a expulsão dos mais de 2 milhões de palestinos da região. “Há no momento uma oportunidade única e rara para realocação final de toda a população da Faixa de Gaza em coordenação com o governo egípcio”, diz trecho do relatório. Segundo o think tank, a evacuação de Gaza atenderia a interesses geopolíticos dos Estados Unidos, Egito e Arábia Saudita, para além das aspirações israelenses.
Ualid Rabah, presidente da FEPAL ----------- Como forma de viabilizar a limpeza étnica, o Instituto sustenta que o Egito teria em 2017 dez milhões de apartamentos disponíveis para residência no país. De lá pra cá, só a metade teria sido ocupado. A ideia seria enviar a população de Gaza para esses apartamentos, especialmente em duas cidades na região metropolitana do Cairo chamadas “6 de Outubro” e “10 de Ramadã”. Cálculos são feitos para estimar o montando bilionário que envolveria a operação. Segundo o site Monitor do Oriente Médio, a proposta não tem pé e nem cabeça, e contraria a própria crise social e econômica vivida no Egito. O instituto tem Meir Ben Shabbat, ex-assessor de Segurança Nacional de Netanyahu, à cabeça. Tomando ciência do lamentável relatório, a Fepal se manifestou nas redes sociais. “A ação palestina em 7 de Outubro forneceu o pretexto para uma campanha de vingança genocida e sem precedentes executada por israel, massacrando, até o momento, mais de 5 mil palestinos, mais de 2 mil deles, crianças. Agora, um "think tank" [instituto que atua como consultoria para formulação de políticas públicas] israelense, ligado a Netanyahu, elaborou um relatório recomendando a limpeza étnica completa de Gaza. Em 17 de Outubro, o Instituto Misgav para a Segurança Nacional e Estratégia Sionista publicou um documento defendendo a “realocação e assentamento final de toda a população de Gaza”. Ou seja, a limpeza étnica, um crime de lesa-humanidade, de mais de 2,3 milhões de palestinos”, escreveu a Federação Árabe Palestina do Brasil. A entidade não pensou duas vezes para qualificar o relatório do instituto como uma "proposta de limpeza étnica" e agregou que esta não foi a primeira que semelhante proposta foi lançada por alguma organização relativamente relevante do ponto de vista político em Israel. “Esse plano de limpeza étnica é ainda pior: não se trata apenas de uma anexação lenta e de esvaziamento da causa palestina através da “paz econômica” – mas, sim, de defender a limpeza étnica completa da população palestina de Gaza. Não é a primeira vez que surgem sugestões de uma limpeza étnica completa por parte de analistas ou mesmo de políticos israelenses”, finaliza a Fepal.