Gilmar Mendes diz que é preciso despolitizar militares para evitar outro 8/1

Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Carlos Moura/STF ------- por Caroline Saiter --- DCM ------- O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que é preciso despartidarizar e despolitizar a atuação dos agentes de segurança e impor um período de quarentena antes das eleições para evitar eventos como os ocorridos em 8 de janeiro. A declaração ocorreu durante entrevista à CNN Brasil. Segundo o magistrado, as medias envolvem uma reavaliação do papel das polícias e das Forças Armadas e devem ser acompanhadas de uma “consciência de defesa da democracia”. “Temos que nos perguntar o que fazer para evitar que isso se repita. E acho que estamos falhando um pouco. Não basta só essa normalidade que estamos vivendo, de respeito recíproco aos Poderes”, disse o ministro. Gilmar criticou a presença militar em cargos civis, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e a “condescendência” de fardados com acampamentos de manifestantes em frente aos quartéis. O ministro destacou que eventos anteriores, como o ataque à sede da Polícia Federal (PF) e a tentativa de explodir uma bomba próxima ao aeroporto de Brasília, foram uma “gestação de um processo de terrorismo” que antecedeu o 8 de janeiro. “Era possível antever que havia algo de anormal nesse contexto”, afirmou. “Muito provavelmente isso estava sendo gestado nos quartéis e nesses grupos que lá estavam”. O ministro, que é o membro mais antigo do STF, enfatizou que a transição pacífica de governo e a posse “desarmou os espíritos e permitiu que se articulasse” o 8 de janeiro. Segundo o ministro, houve em muitas vezes “leniência” da política com policiais que organizaram greves, que são ilegais, o que resultou na anistia desses agentes. “Essa gente deveria ser inelegível. Quem quer ir para a política deveria ter uma distância no tempo, uma quarentena, para depois fazer política, seja militar, policial militar, policial civil, e não se aproveitar de um hipotético proscênio momentâneo de ‘prendeu alguém’ para se tornar político e depois voltar para as Forças”, disse. “[São] medidas simples para despartidarizar e despolitizar essa gente, que tem uma força singular anda armada, tem autorização para usar armas. Portanto isso precisa ser olhado com muito cuidado".