DECLARAÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA PALESTINO

A escalada dos massacres dos ocupantes contra o nosso povo na Faixa de Gaza, juntamente com a sua política de fome e cerco, continua inabalável. A atrocidade mais recente, o Massacre do Trigo no norte de Gaza, resultou na trágica perda de mais de 120 vidas palestinas e deixou centenas de feridos. Nos dias que se seguiram a este massacre, o ocupante fascista cometeu mais um ato hediondo, utilizando as mesmas táticas brutais. Eles esperaram que multidões de pessoas famintas se reunissem em torno dos ônibus e depois abriram fogo contra civis indefesos. Tudo isto se desenrola diante dos olhos do mundo inteiro, diante das nações árabes, algumas das quais mantêm relações com o Estado ocupante. As atrocidades em curso em Gaza, marcadas por massacres, assassinatos e ataques contra o nosso povo, servem um propósito claro: oprimir e humilhar o nosso povo, forçando-o ao deslocamento. Apesar da condenação internacional e árabe dos monstruosos massacres do ocupante, fica aquém da resposta necessária. Algumas nações árabes desempenham o papel de conspiradores e parceiros na agressão contra o nosso povo, como se viu nos regimes do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos. Mesmo países vizinhos como a Jordânia e o Egito, apesar dos acordos de paz com o ocupante, não conseguiram entregar ajuda humanitária ao nosso povo em Gaza. Demonstrações aéreas de solidariedade não aliviam a fome, e o que se exige das nações árabes, no mínimo, é cortar laços e cancelar acordos com o Estado ocupante. No entanto, o que observamos é exatamente o oposto, com algumas nações exportando vegetais e produtos alimentares para o ocupante racista sem hesitação, justificando-o por meio de acordos com o inimigo. No meio desta guerra brutal contra o nosso povo, a Rússia apelou a uma reunião em Moscou das forças palestinas, para acabar com a divisão entre nós. Embora a reunião tenha terminado com uma modesta declaração assinada por todas as facções participantes, ela teve os seus pontos fracos. Em primeiro lugar, não incluiu todas as forças na arena palestina, excluindo várias, incluindo o Partido Comunista Palestino, sem apresentar razões. Em segundo lugar, a declaração da reunião de Moscou necessita de um trabalho substancial, de um esforço real e de vontade política para acabar genuinamente com a divisão palestina. Portanto, o nosso partido avalia que tudo o que aconteceu em Moscou acabe permanecendo como tinta no papel e que todos os sacrifícios feitos e os que continuam na Cisjordânia e em Gaza não sejam suficientes para acabar com a divisão palestina. Isto encorajou e continua a encorajar o ocupante fascista e os seus apoiantes imperialistas a persistirem na sua guerra de extermínio, pois percebem que uma facção palestina ainda aposta nas ilusões de um acordo e não aprende com a história. Em terceiro lugar, aquilo que o inimigo fascista não conseguiu alcançar através da guerra não deve ser concedido através de negociações. Os imensos sacrifícios e a destruição maciça sofrida por Gaza devem ser compensados pela libertação de todos os prisioneiros, sem exceção, pela retirada das forças de ocupação de Gaza, pelo acordo sobre a reconstrução, pelo fim do bloqueio e pelo fluxo contínuo de ajuda sem condicionantes. Perante estes desafios que ameaçam o nosso povo e o perigo para a nossa causa nacional, o Partido Comunista Palestino renova o seu apelo à formação de uma ampla frente nacional que inclua todas as forças palestinas e vários movimentos populares, sem exceção. Isto deveria se basear num programa político específico para tirar o nosso povo do impasse desde Oslo até agora. O acordo sobre os mecanismos de luta e resistência não deve ser determinado por nenhum partido com base nos seus interesses pessoais e de grupo, possibilitando a escolha do caminho adequado para o nosso povo na luta, sem imposições de determinadas facções políticas. Depois disso, a reestruturação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) requer fundamentos nacionais revolucionários capazes de mudar a realidade adversa para liderar uma revolução popular. A OLP deve ser a representante legítima e única do povo árabe palestino. a) Partido Comunista Palestino ------------ Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)