PICARETAGEM ELEITORAL - Casal Moro: "apetite e apego pelo poder só não é maior do que cinismo e hipocrisia", detona Prerro

Sergio e Rosangela Moro na Câmara dos Deputados. Créditos: Cleia Viana / Câmara dos Deputados ------- Rosangela transferiu seu domicílio eleitoral de volta ao Paraná para que possa se candidatar ao Senado caso a Justiça Eleitoral casse o mandato do marido, Sergio Moro. -------- Por Plinio Teodoro --- Revista Forum ------ O Grupo Prerrogativas, que reúne advogados progressistas que se notabilizaram por denunciar abusos da Lava Jato, divulgou nota denunciando a manobra da deputada federal Rosangela Moro (União-SP), que transferiu seu domicílio eleitoral de volta ao Paraná para que possa se candidatar ao Senado caso a Justiça Eleitoral casse o mandato do marido, Sergio Moro (União-PR). Rosangela, que morava em Curitiba com o marido, transferiu seu título para disputar as eleições por São Paulo em 2022, estado pela qual está eleita. Sergio Moro, que seria candidato à Presidência pelo Podemos, tornou-se senador pelo União no Paraná, mas deve perder o mandato por abuso de poder econômico. Na nota, o Prerro, coordenado pelo advogado Marco Aurélio Carvalho, detona o "cinismo e hipocrisia" do casal e estuda formas de entrar na Justiça para denunciar o "estelionato eleitoral" de Moro e sua "conja". "A notícia é verdadeiramente escandalosa. O apetite e o apego que o casal Moro tem pelo poder só não é maior do que o cinismo e do que a hipocrisia com que ambos vem atuando na vida pública", diz. No texto, o Prerrô diz que desde as eleições de 2022, "procurou comprovar que a senhora Rosângela Moro havia cometido um estelionato eleitoral ao se candidatar por um estado com o qual jamais teve qualquer relação de afeto ou de intimidade". "O registro de sua candidatura deveria ter sido cassado, o que pouparia seus eleitores deste enorme constrangimento. Tomaremos providências", afirma a nota. "Isso precisa ser corrigido na legislação. Ninguém deveria poder representar um estado e ter domicílio em outro. É uma grande contradição", emenda. Leia a nota na íntegra: "A notícia é verdadeiramente escandalosa. O apetite e o apego que o casal Moro tem pelo poder só não é maior do que o cinismo e do que a hipocrisia com que ambos vem atuando na vida pública. Desde o início, o grupo Prerrogativas procurou comprovar que a senhora Rosângela Moro havia cometido um estelionato eleitoral ao se candidatar por um estado com o qual jamais teve qualquer relação de afeto ou de intimidade. O registro de sua candidatura deveria ter sido cassado, o que pouparia seus eleitores deste enorme constrangimento. Tomaremos providências. Isso precisa ser corrigido na legislação. Ninguém deveria poder representar um estado e ter domicílio em outro. É uma grande contradição." -------- Entenda---- Rosangela Moro, que é deputada federal eleita por São Paulo em 2022, transferiu novamente seu título eleitoral para o Paraná, estado de origem, às vésperas do julgamento do processo de cassação do mandato do marido, o senador e ex-juiz Sergio Moro, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR). A cassação de Moro pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) é dada como certa. O senador é acusado de abuso de poder econômico, caixa dois e utilização indevida dos meios de comunicação social na pré-campanha de 2022. Ele chegou a ser pré-candidato à presidência pelo Podemos, teve a candidatura vetada e tentou concorrer ao Senado por São Paulo, mas foi impedido e, assim, se lançou como candidato ao Senado pelo Paraná e foi eleito. Caso Moro, de fato, perca seu mandato, serão convocadas eleições suplementares no Paraná. E é aí que entra a manobra de Rosângela. Com o título transferido para o estado, ela poderia concorrer no pleito para a vaga a ser aberta pelo próprio marido. Até o momento, Rosangela Moro não se pronunciou oficialmente sobre a mudança de seu título eleitoral. Correligionários da deputada no Paraná, entretanto, afirmaram ao blog do jornalista Esmael Morais que foram "surpreendidos" pela transferência. "Juristas avaliam que essa mudança de domicílio poderá custar o mandato da parlamentar 'paulista'", diz o jornalista.