Petrobrás: Por que a mídia hereditária quer a cabeça de Jean Paul Prates, presidente da estatal

Lula e Jean Paul Prates. Créditos: Ricardo Stuckert -------- Uma coleção de manchetes que dão como certa a saída de Prates foi vista nos meios de comunicação nacionais; A distribuição de dividendos pode ser só um espantalho para sabotar o fim do PPI, conforme manda a cartilha financeira ---------- por Raphael Sanz --- Revista Forum -------- Nesta quinta-feira (4), todos os principais jornais do Brasil, em suas versões online, publicaram notícias em destaque que davam como certa a saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobrás. Em todas elas, a razão da “apurada análise” reside em rachas internos do governo Lula acerca da distribuição de dividendos extraordinários para os acionistas da estatal, em paralelo com eventuais quedas na bolsa de valores. Entre os principais “opositores internos” estariam os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). O presidente Lula (PT) estaria no campo dos seus ministros, contrários à distribuição de dividendos extras proposta por Jean Paul Prates em março. E a suposta briga teria escalado em 8 de março, quando as ações da Petrobrás caíram na bolsa de valores brasileira (b3), por conta da suspensão dos repasses. Na ocasião, apontam os meios de comunicação, a estatal perdeu R$ 56 bilhões em valor de mercado. Prates havia proposto que a metade dos R$ 43,9 bilhões de dividendos extraordinários fossem pagos aos acionistas. No entanto, o Conselho de Administração da Petrobrás – composto pelos executivos da estatal e representantes dos trabalhadores e do governo federal – vetou a proposta e reteve os valores. À época a imprensa já especulava a saída de Jean Paul Prates por conta da crise, mas o presidente Lula fez uma reunião com os dirigentes da empresa e ministros e foi decidida a permanência de Prates. Dessa vez, neste 4 de abril, o governo decidiu pagar cerca de R$ 20 bilhões aos acionistas, mas uma nova oscilação nas ações da Petrobrás acendeu o alerta dos defensores do capital financeiro e as mesmas manchetes sobre uma virtual demissão de Prates tomaram os jornais. O desejo pela demissão é claramente motivado pelo interesse na distribuição total dos dividendos, mas pode haver mais coisa em jogo. O presidente da estatal respondeu com humor e ironia nas redes sociais. .