Por muitos anos Curitiba foi servida por bondes, o transporte coletivo de muitas décadas.
No início da década de 50, pouco antes das festividades do Centenário de Emancipação Política do Estado do Paraná (19/12/1853), os bondes foram substituídos por ônibus, cuja empresa logo quebrou.
Hoje se fala em criar uma linha turística de bondes no centro da cidade. A idéia é ótima e vários percursos podem ser analisados para a implantação de uma linha. Praça Santos Andrade – Praça Osório, via Rua XV, além de outros locais históricos como a Rua Riachuelo.
Tomara que não fique no papel. O bonde como transporte coletivo está superado pelo metrô, porém linhas turísticas são viáveis.
Convém lembrar um pouco da história de bonde em Curitiba, principalmente em nosso bairro Água Verde.
A empresa de bondes de Curitiba tinha como estação garagem o espaço situado na Rua Barão do Rio Branco (pertence aos Slavieiros ) em frente o prédio histórico onde hoje funciona a Câmara Municipal de Curitiba.
As linhas que serviam o Água Verde faziam o seguinte trajeto: Praça Tiradentes, Praça (Generoso) Marques, Rua Barão do Rio Branco, por esta via até a Av. 7 de setembro, pela Av. 7 de Setembro até a Rua 24 de Maio, por esta até a Rua Iguaçu, pela Iguaçu até a Av. República Argentina, na seguinte até o ponto final na antiga avenida Guaíra (hoje Kennedy). Onde também havia parada do trem da RVPSC.
Nesta trajetória a linha de uma única via tinha vários desvios com paradas no Água Verde, os dois principais eram os de acesso ao Estádio Joaquim Américo, do Clube Atlético Paranaense, e localizava-se na Rua Iguaçu entre as Ruas Buenos Aires e Pasteur, e o outro em frente a Sociedade Internacional Água Verde, no local chamado de “volta do Água Verde”. Esta era a linha Praça Tiradentes – Portão.
Na época esta linha atendia preferencialmente a Fábrica Curitiba (propriedade do Exército) em frente à Praça Ouvidor Pardinho, onde hoje funciona um supermercado. O estádio do Atlético, o Hospital e Maternidade Victor Ferreira do Amaral e o Cemitério do Água Verde.
Outra linha que servia o bairro também partia da Praça Tiradentes, Praça Zacarias, Rua Emiliano Perneta, Rua 24 de Maio, e a continuação do trajeto eram igual o da linha já descrita.
Na época dos bondes a Rua 24 de Maio era dividida por um canteiro de árvores, como são ainda hoje as ruas Iguaçu e Silva Jardim.
Na Rua Iguaçu esquina com a Rua 24 de Maio, ainda hoje, 57 anos depois, pode-se ver um canteiro central, a curva no canteiro do meio onde os bondes faziam a curva.
Em 1951 na época dos bondes em Curitiba, Elia Kazam dirigiu vigoroso drama baseado na peça de Tenesse Willians, “Desire”, onde uma mulher amarga uma vida cheia de fantasias e vai morar com a irmã casada, ao lado de um homem insensível num subúrbio de Manhattam. Neste filme a atriz Vivien Leigh de “O Vento Levou” ganhou seu segundo Oscar.
O breve relato sobre o filme que foi traduzido com o nome de “Um Bonde Chamado Desejo”, é para desmascarar a origem do bonde exposto na Rua XV de Novembro com a Travessa Oliveira Bello e Rua Ébano Pereira, a nossa “Time Square”, que infelizmente em 1972, o então prefeito Jaime Lerner permitiu que destruíssem para construir aquele prédio de péssimo visual que lá está.
Aquela esquina é a mais fotografada de Curitiba em todos os tempos, e a má política a destruiu.
Para tapar o roubo histórico o então prefeito trouxe para Curitiba em outubro de 1973, da cidade de Santos, um bonde chamado “mentira”, que nunca circulou em nossa cidade.
A nossa população nascida depois da 2ª Guerra Mundial talvez não tenha usufruído do bonde de Curitiba, o verdadeiro (cujas fotos aqui publicamos), e ignora que aquele que está na Rua XV nunca foi nosso, nem de mentira.
Pobres dos que se deixam levar pelos “Bondes de Alegria” deixados por políticos sem consciência histórica, deixando o “Bonde das Ilusões” para os menos avisados.
Onde está o nosso bonde tirado da Praça Tiradentes depois de recuperado? Foi ele que circulou em nossas ruas até 1952, e merecia o respeito daqueles que se dizem preocupados em preservar a história da nossa gente.
O atual Bondinho da XV foi mais uma das estripulias do Jaime Lerner (cujos secretários de Estado no último governo foram presos ou tiveram os bens indisponíveis pela Justiça, diante da corrupção que praticavam).
O visual daquela esquina deveria ser restaurado e no local do falso bonde deveriam colocar o verdadeiro bonde que circulava em nossa cidade, ligando os bairros ao centro.
A engenharia e arquitetura fazem milagres. Reconstruam aquele local.
Autores: professor
Paulo Wendt e José Gil