Na foto acima, o general Lino Oviedo, de terno, durante visita ao jornal Água Verde no ano de 2002.
O general Lino Cesar Oviedo Silva, ex-comandante das Forças Armadas do Paraguai, candidato a presidente daquele país, faleceu ontem à noite durante campanha eleitoral no Chaco paraguaio, na queda do helicóptero que o transportava.
Escrever sobre Lino Oviedo é escrever sobre um homem que mudou para melhor a história do Paraguai, com seu exemplo e tenacidade. Um homem honrado, sério, honesto, idealista. Militar graduado, teve participação decisiva na revolução que derrubou o ditador Alfredo Stroesner - e justamente por este motivo se transformou em herói nacional, mas foi perseguido durante toda sua vida pelas elites corruptas do Paraguai.
Durante a eleição presidencial de Juan Carlos Wasmosy, empreiteiro da Itaipu (cúmplice no superfaturamento da construção da usina que deveria custar US$ 2.033 bilhões e passou a custar US$ 23.569 bilhões), Oviedo foi perseguido por denunciar e não aceitar a corrupção generalizada. Teve a casa invadida por forças de segurança. Comandante das Forças Armadas do Paraguai foi destituído, teve a prisão decretada e se refugiou no Brasil, onde foi preso no governo de Fernando Henrique Cardoso atendendo pedido do governo paraguaio.
Cumpriu alguns meses de prisão em quartel da Polícia Militar de Brasília, onde tive a oportunidade de visitá-lo algumas vezes. Na prisão em Brasília Lino Oviedo era tratado como um hóspede honrado, com direito a receber visitas de amigos e familiares, acesso a academia de ginástica e a passeios. Recebia visitas quase diárias de generais brasileiros para conversar sobre política internacional. Ao ser libertado, por votação unânime do Supremo Tribunal Federal, Oviedo provou sua inocência nas acusações infundadas do governo Wasmosy.
Atendendo convite do jornal Água Verde, Oviedo veio a Curitiba onde foi homenageado em um jantar com 800 convidados no Clube Literário do Portão. Recebeu na época o diploma "Defensor da América Latina".
Meses depois, mesmo sofrendo ameaças de morte e de prisão no Paraguai, Lino Oviedo retornou ao seu país, em um voo fretado por amigos levando jornalistas brasileiros e paraguaios. Ao chegar em solo paraguaio foi preso e maltratado em quartel daquele país.
O combatente e valente Lino Oviedo nunca se rendeu. Ele continuou sua luta e, desde a prisão, fundou o partido UNACE - União Nacional dos Colorados Éticos, a terceira força política do país. Elegeu a filha e o filho para o Senado e Câmara dos Deputados.
Oviedo cruzou o Brasil de norte a sul visitando cooperativas e indústrias bem sucedidas para levar tecnologia ao Paraguai. Sua missão era levar o Paraguai a um patamar de nação próspera e desenvolvida.
A morte de Lino Oviedo em um acidente (ou sabotagem) na queda de um helicóptero que o transportava durante campanha eleitoral no Chaco paraguaio deixa enlutados os paraguaios e os brasileiros que tiveram a oportunidade de conhecer um homem idealista, corajoso e honrado, verdadeiro herói da América Latina.
Deixa enlutados e entristecidos os moradores e comerciantes do bairro Água Verde de Curitiba que o homenagearam em vida, e que receberam algumas visitas do ilustre paraguaio, que caminhava pelas ruas do nosso bairro com desenvoltura e confiança, como se estivesse - como realmente estava - entre amigos.
José Gil
Autor dos livros "A verdade sobre o general Lino oviedo" e "A Justiça da injustiça no caso do general Lino Oviedo".