A campanha em curso para baixar o preço do transporte coletivo na maioria das capitais e centenas de cidades brasileiras fez uma vítima em Curitiba, o prefeito Gustavo Fruet, que até o momento não se deu conta das mudanças em curso.
Por outro lado, revelou uma faceta até então desconhecida do governador Beto Richa, a capacidade de antecipar acontecimentos políticos e evitar o desgaste político. Neste sentido, no dia 11 de maio, quando a maioria dos prefeitos – incluindo Gustavo – afirmava que não tinham condições de reduzir o valor das passagens do transporte coletivo, o governador Beto Richa aumentou o subsídio ao transporte de Curitiba e Região Metropolitana, que passou a ser de R$ 76 milhões por ano.
Na oportunidade o governador cobrou a desoneração de impostos federais que incidem sobre as tarifas do transporte urbano. Richa explicou que os tributos chegavam a 25% do preço final da tarifa. “Em 2005, reuni em Curitiba os principais prefeitos do País e levamos a reivindicação ao governo federal, mas infelizmente não fomos atendidos”, disse. Somente quando o povo saiu às ruas, a presidente Dilma decidiu exonerar os tributos solicitados por Richa.
Richa assinou a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o óleo diesel, antes de todos os demais governos estaduais e federal.
Na contramão dos governadores e prefeitos das maiores capitais, Richa assumiu o risco de se indispor com os políticos tradicionais que se beneficiam de esquemas e acertos com as empresas concessionárias do transporte coletivo. O prefeito Gustavo Fruet, entretanto, convocava a imprensa para pedir que a população o ajudasse a encontrar uma fórmula para reduzir o preço das passagens, porque segundo ele não havia nenhuma forma ou condição de fazê-lo.
No dia 12 de junho, quando as manifestações começaram a pipocar em diversas cidades e capitais, Beto Richa determinou a redução da passagem em R$ 0,10 nas linhas
que não fazem parte da Rede Integrada de Transporte (RIT). A redução atingiu 19 cidades.
Finalmente, no dia 20 de junho, após pressão popular, o prefeito Gustavo Fruet veio a público informar que seguiria o exemplo dos prefeitos do Rio e São Paulo, e que reduziria o preço da passagem de ônibus em Curitiba, de R$ 2,85 para R$ 2,70.
A decisão do prefeito Gustavo Fruet veio tardia, revelando ao povo curitibano que seu poder de decisão é lento. Enquanto Beto Richa antecipava decisões certeiras e agia com rapidez e eficiência, Gustavo vacilava, fazendo do embate entre eles, 10 a 0 para Richa.
Dizem que é nos momentos de crise que se conhece os homens. Neste caso, a cúpula do PSDB deveria voltar os olhos para o Paraná, onde um jovem governador teria melhores condições de disputar a próxima eleição presidencial, onde o desgaste dos principais figurantes será o fator decisivo em 2014.
Henrique A. Teixeira