Por Fernando Brito, no blog Tijolaço
O depoimento do policial federal – Jayme Oliveira, o Careca – em que ele diz ter levado dinheiro em malas para Eduardo Cunha (líder do PMDB) e Antonio Anastasia ( braço direito de Aécio Neves) tem alguns pontos muito interessantes, além das revelações sobre o caráter “democrático” da propinagem de Paulo Roberto Costa.
É que, no depoimento – que você pode ler aqui, no facsímile divulgado pelo Estadão - Oliveira diz, por diversas vezes, que foi levar malas de dinheiro de Youssef para as executivos das empreiteiras.
É algo que “passou batido” por nosso “jornalismo investigativo”.
Oliveira diz que levava dinheiro de Youssef para a Camargo Correia, para Júlio Camargo, da Toyo-Setal, e para Fernando Baiano, que seria o operador do PMDB no esquema.
Isso, em princípio, contraria a lógica da roubalheira até agora exposta.
Ou seja, o dinheiro vinha da empreiteira, por acertos de Paulo Roberto Costa, e passava por Youssef e ia para os políticos.
Agora se descobre que os executivos das empreiteiras usavam o doleiro para receber dinheiro vivo.
É pouco provável que, no dia seguinte, mandassem o tesoureiro da empresa contabilizar a “bufunfa”, não é?
Isso é algo que mexe significativamente na mecânica criminosa das falcatruas de Paulo Roberto Costa, se Youssef era seu operador.
Então tinha dinheiro por fora para os executivos das empresas?
Ao senso comum, isso é lógico, porque, afinal, ninguém se mete em falcatruas sem um, como se diz na gíria, “levado”.
Esquemas de ladroagem envolvendo empresas, podem crer, envolve empresários.
Ninguém é coagido a dar nada se não estiver levando algum na história.
Talvez, então, se descubra que este caso de corrupção é um conluio de interesses pessoais.
Ou, uma possibilidade mais remota, vai-se perceber que a corrupção é um conluio de interesses que é antes de tudo pessoal, patrimonial.
E que o político entra na história como cúmplice, por conta da necessidade – sempre camuflada – de ter recursos para uma campanha eleitoral cara e “privatizada”.