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Governo federal já editou 17 decretos, 19 portarias, duas resoluções, três instruções e dois projetos de lei que flexibilizam o acesso a armas e munições ---- O milhão de armas colocadas nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) começa a cobrar seu preço da sociedade brasileira. O tiroteio que feriu três jovens numa escola do Ceará nesta quarta-feira (5) expõe de maneira dramática o erro que é facilitar o acesso a armas, política do atual presidente desde o primeiro dia de seu governo.
O número de armas de fogo em posse de CACs praticamente triplicou desde 2018, superando um milhão em julho deste ano. A ideia de que resolver as coisas à bala é admissível, nos levou a que tenhamos nessa escola cearense um jovem apreendido por crime análogo ao assassinato, um morto e dois baleados.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará informou que a arma utilizada no crime está registrada em nome de um CAC. Segundo o Exército, são 1.006.725 armas até julho deste ano nas mãos de 673.818 CACs.
O governo federal já editou 17 decretos, 19 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que flexibilizam as regras de acesso a armas e munições, informa a Folha de S.Paulo.
Além de estimular as pessoas a se armarem, os decretos do presidente dão acesso a calibres mais poderosos. Em agosto do ano passado, ele disse a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que defende que todos possam ter um fuzil.
Já temos quase 700 mil pessoas andando armadas com pouca ou nenhuma fiscalização, mas o presidente quer mais, para apoiar sua política de morte.
Outro impacto da facilitação ao acesso é que já se comprovou que há pessoas se tornando CAC para desviar armamentos para o crime. A Folha revelou em julho deste ano que um integrante da facção criminosa PCC obteve certificado de CAC no Exército, mesmo respondendo ao 16 processos criminais. Depois disso ele comprou duas carabinas, um fuzil, duas pistolas, uma espingarda e um revólver, num valor total acima de R$ 60 mil.
A APP denuncia as políticas que incentivam o armamento da população. As consequências já estão dentro das nossas escolas. Não é possível haver vencedores em conflitos resolvidos à bala. Devemos retomar os ideais de uma educação democrática e inclusiva, sem preconceitos, discriminações e violência.