de MOISÉS MENDES*
Começo de um texto da Folha online para envergonhar estudantes da 5ª Série:
“Para Arthur Maia (União-BA), provável presidente da CPMI de 8 de janeiro, o ponto central do colegiado deverá ser esclarecer se os ataques aos três poderes foram, de fato, uma tentativa de golpe”.
Como de fato? É uma bobagem, como se ainda houvesse dúvida sobre a tentativa de golpe, depois da prisão de mais de 1.400 terroristas, do indiciamento da metade deles até agora e do vazamento das conversas registradas no celular do coronel Mauro Cid sobre o plano golpista.
O correto, sem muita invenção seria assim:
“O ponto central da CPI deve ser a identificação, o enquadramento e o pedido de indiciamento dos líderes do golpe, e não só dos manés”.
Pela proposta de leitura da Folha e do deputado, seria mais ou menos como se alguém dissesse, no começo da CPI da Covid, que a comissão iria investigar se houve ação deliberada do governo para que a pandemia provocasse a tal imunidade de rebanho, enquanto Bolsonaro fazia propaganda da cloroquina e combatia a vacinação.
O que CPI fez, a partir da certeza de que tudo era planejado para que o contágio fosse disseminado, foi identificar os criminosos, enquadrados em cada crime, e enviar seus nomes ao Ministério Público.
Estão no relatório os 79 responsáveis pela matança da pandemia e pelos crimes que a Covid propiciou.
Até agora, não há um indiciado, um só.
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*Jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim).