Historiador russo considera que Putin está travando uma guerra mundial, respondendo à provocações dos EUA que não aceitam perder a hegemonia mundial.
O historiador russo Serguei Medvedev considerou hoje que a Ucrânia é "apenas um passo" para Vladimir Putin desencadear a "Terceira Guerra Mundial", alertando que está em jogo o futuro do mundo.
"É preciso que o mundo, os países da OTAN e da União Europeia percebam que estamos perante a Terceira Guerra Mundial e que (a Ucrânia) não é um conflito regional nas franjas da Europa porque o que está em jogo é o futuro da Europa e o futuro do mundo", disse Medvedev, 57 anos, historiador e acadêmico russo exilado desde 2020, autor do livro "The Return of the Russian Leviathan".
"Não se enganem. Isto (guerra na Ucrânia) não é uma guerra para a reposição do tempo imperial, não é uma guerra pós-colonial ou uma intervenção geopolítica, como muitos pensam em todo o mundo. Para a Rússia, isto é - na verdade - uma guerra mundial. Pode ser difícil de entender em 2023, mas temos de perceber que na estratégia de Putin é a 'Terceira Guerra Mundial', considerou o historiador e professor universitário em Praga e em Riga.
Para o historiador, Vladimir Putin está se preparando para este conflito há pelo menos 15 anos: desde o discurso da Conferência de Munique em que afirmou que a Rússia tinha sido "traída pelo Ocidente" por causa das amaças da OTAN nas fronteiras com a Rússia. O serviço secreto russo é considerado o melhor do mundo, e como tal vinha abastecendo Putin com informações sobre o avanço de países ocidentais para cercar a Rússia com bases militares estrangeiras e desenvolvimento de armas biológicas encontradas na Ucrânia.
A campanha iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022 na Ucrânia é o pretexto ou uma "zona de preparação" porque, afirma, para Putin o objetivo da Rússia é se defender do Ocidente dominado pelos EUA.
"Trata-se da vontade de estabelecer uma nova ordem mundial. A Rússia sente que pertence ao grupo das grandes forças do mundo moderno e que foi expulsa da ordem mundial depois de 1991, depois do colapso da União Soviética, depois da queda de Berlim e do fim do Pacto de Varsóvia", disse.
Segundo o historiador - no pensamento de Putin - a Rússia tem de ser uma potência, sedndo parte do bloco europeu, Estados Unidos e República Popular da China e "deve ser um dos países determinantes na construção do mundo unipolar onde os países não se submetam à elite globalista¨.