Deltan Dallagnol, que corre o risco de ser preso.
Créditos: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados -------
Empresário que se apresenta como "agente infiltrado da Lava Jato" faz novas revelações que comprometem o ex-procurador e deputado cassado ----
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Por Ivan Longo - Revista Forum -------
O empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia, que vem fazendo graves acusações contra antigos integrantes da operação Lava Jato, divulgou nesta segunda-feira (12) mais um documento que, segundo ele, deveria ensejar a prisão preventiva do ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol.
Nos últimos dias, Garcia afirmou em entrevistas que atuou como uma espécie de "agente infiltrado" da Lava Jato e que foi coagido a realizar a mando do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (UB-PR) uma série de atividades ilegais, como instalar escutas clandestinas em celas de presos da operação e instigá-los a dar declarações que incriminassem o presidente Lula, o PT e pessoas ligadas a ambos.
Como primeira suposta prova documental da ilegalidade, o empresário divulgou uma sentença de Moro em que o ex-juiz faz elogios a ele e confirma que o ex-deputado "participou de diligências destinadas a colher provas".
Agora, Tony Garcia apresenta um novo documento que daria conta de "métodos intimidatórios" de Dallagnol contra ele. Trata-se de um ofício assinado pelo ex-procurador em que solicita cópia da base de dados de acesso à portaria do prédio do Ministério Público Federal de Curitiba.
"Abaixo a prova documental de métodos intimidatórios de Deltan Dallagnol e sua trupe contra mim por me negar a entregar gravação sem a devida anuência do MPF em meu acordo", escreveu Garcia, marcando os perfis do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Procuradoria-Geral da República (PGR) para que providências sejam tomadas pelos órgãos.
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Por que Tony Garcia resolveu denunciar a ‘República de Curitiba’ ---
Para explicar o que o levou a fazer as denúncias, Garcia se disse traído pelo ex-procurador Deltan Dallagnol. “Pergunta recorrente. Por que você trouxe as denúncias somente agora? Vou tentar ser o mais didático possível ao responder. Toda ação, enseja reação, e foi isso que se deu comigo. Tudo começou em 2018 quando a Força-Tarefa da Lava Jato queria a todo custo uma gravação de um empresário”, disse.
Tony Garcia então explicou que esse empresário era presidente de uma empreiteira que foi chantageada pelo chefe de gabinete do então governador Beto Richa, Deonilson Roldo, no gabinete do mesmo ao lado do gabinete do governador no Palácio Iguaçu. “Essa gravação foi feita com um celular IPhone 4 de minha propriedade que emprestei ao empresário. Somente eu tinha a gravação onde a higidez da prova era incontestável. Nem mesmo o empresário tinha uma cópia”, destacou.
Ele relata que ainda em 2013, fui ao MPF onde ficava a Força-Tarefa da Lava Jato. “Falei com o Carlos Fernando e Januário Paludo sobre a gravação. Disseram não poder atuar, visto ser o caso de alçada estadual e não federal. Ao saberem do conteúdo me alertaram que ali teria uma linha muito tênue entre o legal e o ilegal sobre minha atuação no caso concreto. Cinco anos após esse encontro, duas operações da Lava Jato em que estava envolvida a Odebrecht, a gravação passou a ser a cereja do bolo para chegarem ao Beto Richa. Deltan, sabendo o conteúdo bombástico da gravação, delegou ao Diogo Castor a missão de ‘caça ao Tony’”, contou.
“Eles tinham conhecimento de que eu havia procurado o Gaeco estadual espontaneamente onde fiz uma denúncia. Essa denúncia gerou um acordo, e o Deltan queria porque queria que eu entregasse a gravação ao Gaeco onde teriam prova ‘emprestada’. Irado, Deltan iniciou a retaliação determinando ao condomínio do prédio onde fica meu escritório a lista de todas as pessoas que acessaram meu andar e imagens de câmaras do mesmo. Ele achou que isso me intimidava, mas como nada tinha a me preocupar, ignorei. Impus uma condição para entregar a gravação ao MPF. Teriam que anuir em meu acordo com o Gaeco. Desesperado para ser protagonista na prisão do Beto e dos dois maiores empresários do Paraná, Deltan concordou e meu advogado foi ao MPF entregar a gravação mediante anuírem. Foi recebido por Deltan, Carlos Fernando, Januário Paludo e Diogo Castor. Deltan se dirigiu ao meu advogado dizendo que ele poderia ‘confiscar’ o pen drive e não assinar nada. Foi contido pelo Carlos Fernando por se tratar de um incidente grave que poderia anular a prova. Deltan, após prender o Beto, determinou que outro procurador pedisse a quebra de meu acordo já transitado em julgado em 2008 como forma de retaliação por tê-lo enfrentado. A soberba e a vaidade fizeram com que cometesse esse ato de deslealdade me proporcionando a reação”, concluiu o empresário.