Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública.
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
----------
Por Raphael Sanz
Revista Forum ----
Ex-deputado cassado é acusado de ter negociado divisão de multas pagas pela Petrobras com os EUA à revelia da CGU, órgão nacional com competência para participar deste tipo de negociação ------
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou nesta segunda-feira (24) que a seu pedido a Polícia Federal irá investigar as acusações que pesam contra o ex-deputado federal cassado e ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. De acordo com conversas vazadas do Telegram de Dallagnol, obtidas pela Operação Spoofing, ele teria negociado com autoridades dos EUA, à revelia do Estado brasileiro, a aplicação de multas astronômicas à Petrobras e a posterior partilha dos valores arrecadados da estatal.
---------------------------------
Deltan Dallagnol na patética despedida da Câmara.
Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados ----
Desesperado, Dallagnol dispara contra jornalistas e procurador após virar alvo do MP ---
Deputado cassado é alvo de representação do MP junto ao TCU em razão das negociações secretas com autoridades dos EUA para abocanhar parte da multa milionária da Petrobras.
------
Por Plinio Teodoro ---- Revista Forum ----
Alvo de novo pedido de investigação, desta vez feito pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), em razão das negociações secretas com autoridades dos EUA para abocanhar parte da multa milionária da Petrobras por meio de uma Organização Não Governamental (ONG), o deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) atacou os jornalistas Jamil Chade e Leandro Demori, autores da reportagem publicada no portal Uol, e até mesmo o subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Rocha Furtado.
Em representação, o subprocurador afirma que "ao que parece os encontros e conversas ocorreram sem pedido de assistência formal e, durante as conversas e visitas, os procuradores da Lava Jato teriam sugerido aos americanos maneiras de driblar um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que permitisse que os EUA ouvissem delatores da Petrobras no Brasil" mostrando a necessidade de se apurar os fatos da reportagem, baseada em diálogos dos próprios procuradores da Lava Jato no Telegram - obtidos na Operação Spoofing.
Furtado destaca ainda que o valor do acordo firmado pela Petrobras foi de US$ 853 milhões, sendo que 80% desse valor deveria ser enviado ao Brasil e metade do montante financiaria um fundo privado que a própria "lava jato" tentou criar, mas foi barrado por decisão do STF.
"Deltan me ignorou quando, antes de publicar suas conversas, pedi para saber o que ele tinha a dizer sobre acordo que costurou com os EUA na Lava Jato. Agora, não será para mim e nem ao companheiro de apuração Demori que ele terá de responder", tuitou Jamil Chade.
O jornalista ainda compartilhou a reportagem que fala do pedido de investigação do MP e despertou a ira de Dallagnol, que deu um chilique ao comentar o tuite.
Primeiramente, o ex-procurador citou os jornalistas amigos da Lava Jato, que durante o decurso da força-tarefa ignoraram diversas ilegalidades dos investigadores, que tinham como único intuito tirar Lula da disputa eleitoral.
Em seguida, o deputado cassado atacou o sub-procurador, baixando ainda mais o nível.
"Ah, e novidade zero nesse pedido do MP do TCU, basta olhar o histórico do subprocurador Lucas Furtado: se alguém da Lava Jato espirrar, ele protocola um pedido de apuração de crime contra a saúde pública", escreveu Dallagnol na noite desta sexta-feira (21).