Appio e o armário com esqueletos na Lava Jato. ------
Blog do Esmael Morais -----
O juiz Eduardo Appio, afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba, após denúncia e suposta ameaça de emissário do senador Sergio Moro (União-PR), teme partidarização e seletividade do Tribunal Regional da 4ª Região, o TRF4, em favor ao ex-juiz que antecedeu na Lava Jato.
O juiz afastado afirma para quem quiser ouvir que Moro passou os últimos 10 anos cometendo crimes graves, inclusive traição à Pátria Mão e, no entanto, alguns desembargadores do TRF4 nunca fizeram nada para contê-lo.
Pelo contrário, suspira o juiz afastado.
Parte do tribunal sempre apoio o ex-juiz que o antecedeu na Lava Jato.
O juiz Eduardo Appio foi afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba, em 22 de maio, desencadeando uma série de questionamentos sobre o processo que levou a sua remoção e o possível envolvimento do ex-juiz Sergio Moro.
No TRF4, houve desembargador que defendeu a remoção compulsória de Appio – sem direito à defesa.
Integrantes do mesmo tribunal regional acreditavam até recentemente que Moro tinha poderes de exceção e que estava acima da lei, principalmente em relação a processos contra Luiz Inácio Lula da Silva e pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores.
De acordo com informações reveladas por um amigo próximo de Appio, que também já teve ligações com Moro, um emissário do ex-juiz Moro teria procurado o magistrado pouco antes do afastamento para alertá-lo de que ele deveria parar de “abrir a caixa preta” da Lava Jato, pois “também tinha problemas”.
O teor dessa conversa foi levado ao conhecimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Essa história foi revela pelo repórter especial do site Brasil 247, Joaquim de Carvalho.
Após o ocorrido, a corte administrativa do TRF4 afastou Appio com base em uma denúncia que contou com a participação decisiva de Moro.
A denúncia foi embasada em uma gravação entregue pelo antecessor de Appio, o senador Moro, que capturou um diálogo entre o advogado João Eduardo Malucelli e um interlocutor que se passava por servidor do departamento de saúde do Judiciário.
Essa conversa foi interpretada como uma ameaça, resultando no afastamento do juiz.
No entanto, a legitimidade da denúncia tem sido alvo de controvérsia.
Posteriormente, com Appio já afastado, seus advogados apresentaram um parecer técnico que questiona a veracidade da gravação e argumenta que a voz do autor do telefonema não pode ser conclusivamente associada ao juiz da 13ª Vara Federal.
É importante notar que o afastamento de Appio ocorreu sem que lhe fosse concedido o direito à defesa prévia, o que levanta questionamentos sobre a imparcialidade do processo administrativo.
A situação se agravou com a abertura de um processo administrativo disciplinar que poderá levar ao seu afastamento definitivo da magistratura, com aposentadoria compulsória.
Diversos pontos nebulosos cercam o caso, e algumas testemunhas têm alegado que Appio está sendo punido por seus acertos e não por eventuais erros.
O trabalho de Eduardo Appio na 13ª Vara Federal de Curitiba teria permitido que denúncias de extorsão, escutas clandestinas e ocultação de provas viessem à tona.
Além disso, investigações apontam para a possibilidade de uma “caixa preta” nos acordos de leniência, cujas revelações foram interrompidas com o afastamento do juiz.
O corregedor nacional de Justiça, Luiz Felipe Salomão, iniciou a investigação das denúncias, mas sua postura tem gerado questionamentos, principalmente após negar a liminar que permitiria o retorno de Appio à 13ª Vara Federal de Curitiba.
As informações sobre a gravação entregue por Moro ao TRF4 também levantam suspeitas, uma vez que ela foi feita pela filha de um senador que possui ligações com João Eduardo Malucelli, sócio de Moro em um escritório de advocacia e membro do gabinete de um deputado estadual associado ao senador.
A situação aparenta um conflito de interesses, uma vez que o pai de João Eduardo é um desembargador do TRF4 que teria tentado impedir o avanço de Appio nas decisões jurisdicionais que poderiam desvendar a verdadeira natureza da 13ª Vara Federal.
Diante do contexto, torna-se necessário que as investigações do CNJ sejam conduzidas com rigor e imparcialidade, considerando todas as evidências apresentadas e garantindo o amplo direito de defesa para todas as partes envolvidas.
A sociedade brasileira aguarda por respostas claras e transparentes que possam esclarecer os fatos e garantir a justiça no caso do juiz Eduardo Appio.
No entanto, começa surgir uma campanha nacional pelo “Volta, Appio” à 13ª Vara Federal de Curitiba.