Blog do Mello -----
Estamos assistindo a um jogo cínico, com declarações em off na mídia e análises de especialistas militares tentando uma "narrativa" para explicar o desastre do último governo e das tentativas de golpe.
A jogada é separar Bolsonaro dos militares, jogando a culpa de tudo nas costas do inelegível, enquanto os militares, como afirma nova defesa do tenente-coronel Cid, apenas cumpriam ordens.
Há teses para os dois lados: uns defendem que Bolsonaro cavalgou os militares; outros, o oposto, que Bolsonaro foi cavalgado por eles. Na verdade, não há como separar. Ambos foram cavaleiros e cavalgados, desde a AMAN em 2014, quando Bolsonaro foi recebido como mito (o comandante da AMAN na época era o atual comandante do Exército), passando pela ameaça do comandante do Exército em 2018, general Villas Boas, exigindo a manutenção da prisão de Lula e a impossibilidade de sua candidatura, chegando aos desastrosos e criminosos quatro anos de governo, com dezenas de milhares de militares recebendo em dobro (o soldo e salários e bônus) em cargos dentro do governo, e desembocando nas ameaças de golpe, na farsa das "urnas que poderiam ser falsificadas" e o encontro com embaixadores estrangeiros, com representantes da FFAA presentes, culminando com os acampamentos em frente aos quartéis, especialmente ao quartel-general em Brasília, alimentando o golpe, e, finalmente, o 8 de janeiro.
Não há como separar. Foram um só corpo, um cavalgando o outro de acordo com suas conveniências, levando o Brasil a 700 mil mortes por COVID, 30 milhões de brasileiros de volta ao mapa da fome, mais de 100 milhões em insegurança alimentar, a tentativa de genocídio dos ianomâmis, o armamento da população, o garimpo ilegal, o fatiamento para privatização final da Petrobras, a privatização criminosa da Eletrobras.
Em tudo estão ali irmanados Bolsonaro e militares. Não há como separá-los agora que deu ruim. Têm que ser punidos todos os que tiveram participação ativa nos quatro criminosos anos do governo de destruição que vivemos. Devemos isso aos que não sobreviveram a eles.
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Assista: https://www.facebook.com/reel/287893137176235?s=yWDuG2&fs=e&mibextid=Nif5oz