Estreou com sucesso nos EUA e no Brasil o filme "Som da Liberdade", dirigido por Alejandro Monteverde.
O filme é uma apelação sentimental sem limites, arranca lágrimas dos espectadores e propaga erros e enganos sobre a realidade da violência sexual infantil, que todos sabem ocorre na maioria das vezes entre pessoas próximas das vítimas. Mas o roteiro manipulador induz o espectador a acreditar que é tudo culpa de governos latino-americanos, máfias e traficantes. Mas,felizmente, um heróico agente secreto do governo norte-americano salva as crianças.
Nada mais falso e holyudiano.
A produção do filme é do coletivo de extrema-direita Q.Anon, fundado por Tim Ballard, posteriormente afastado da fundação que criou por denúncias de abusos sexuais, onde algumas voluntárias se submetiam com a desculpa de colaborar no combate à exploração sexual infantil.
O filme está sendo chamado de "filme cristão", por citar versículos bíblicos, mas no fundo não passa de peça publicitária da extrema-direita valorizando o império decadente.
Um dos momentos cruciais é a prisão dos traficantes de crianças numa ilha caribenha. Na verdade havia uma ilha caribenha chamada Pequena St. Jeff, de propriedade do bilionário norte-americano sionista Jeffrey Epstein. A ilha era um centro de pedofilia e entre os frequentadores havia políticos, magnatas, atores de Hollywood como Kevin Spacey, além do ex-presidente Bill Clinton, o príncipe britânico Andrew, entre outros que a mídia ocidental censurou.
Quando algumas vítimas denunciaram a ilha de pedófilos, Epstein foi preso, mas antes que ele confessasse foi "suicidado" em sua cela no Centro Correcional Metropolitano de Manhattan no dia 10 de agosto de 2019. Afinal, ele denunciaria a nata do governo dos EUA e alguns magnatas.
O maior número de crianças usadas no comércio de exploração sexual está nos EUA, mas o filme mostra o governo yanque combatendo esse comércio em outros países. É ironia?
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por José Gil, ex-presidente do Conselho Nacional de Cineclubes