Caso de racismo no Colégio Estadual do Paraná é mais um gol contra a militarização das escolas

Blog do Esmael Morais ----- Um episódio lamentável de racismo e abuso de autoridade ocorreu na última segunda-feira (20/11), Dia da Consciência Negra, no Colégio Estadual do Paraná (CEP), em Curitiba. Durante uma reunião pedagógica convocada pela direção da escola para abordar um caso de racismo envolvendo cinco estudantes, o pai de um dos alunos, que é também sargento da Polícia Militar do Paraná (PMPR), deu voz de prisão à mãe de um dos estudantes. De acordo com a nota divulgada pela direção do CEP, a reunião contou com a presença dos pais de todos os alunos envolvidos no caso de racismo. Educadores veem Ratinho Jr. transformando escolas em comitês eleitorais militarizados. Após a conclusão da reunião e da assinatura da ata pelos presentes, o sargento, que estava fardado e armado, deu voz de prisão à mãe do estudante que denunciou o racismo sofrido pelo filho. A direção da escola agiu imediatamente, chamando o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (Bpec), que conduziu os envolvidos à delegacia. A mãe do estudante registrou um boletim de ocorrência por abuso de autoridade e o sargento, por desacato e injúria. O caso segue sob investigação da Polícia Civil. A União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) divulgou uma nota de repúdio ao episódio. “É inadmissível que uma mãe seja detida após denunciar o racismo sofrido pelo próprio filho”, diz a nota. “O governo Ratinho Jr aprofundando a militarização das escolas, que já demonstrou não ser eficaz na prevenção da violência e do racismo”, critica a entidade representante dos estudantes. >>APP-Sindicato denuncia Ratinho Jr. pelo uso de pânico para ampliar a militarização de escolas no Paraná O advogado antirracista Valnei Fils também se manifestou sobre o caso. “Tudo ocorreu durante reunião no colégio, quando a vítima relatou que o filho do sargento havia tido condutas racistas contra o filho dela”, diz Fils. “O PM deu voz de prisão e a encaminhou à delegacia do Portão. O fato ocorreu à tarde e ela está detida ATÉ AGORA e segue sendo ameaçada pelo policial”, registrou em seu perfil nas redes sociais. O episódio no CEP é mais um exemplo dos problemas associados à militarização das escolas públicas. O governador Ratinho Jr (PSD) planeja a criação de novas 200 escolas cívico-militares no Paraná, a partir de 2024, uma proposta surgida no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A presença de policiais militares nas escolas não tem sido eficaz na prevenção da violência e do racismo. A militarização das escolas é uma política que visa impor disciplina e ordem às escolas públicas. No entanto, essa política é baseada em uma visão militarista da sociedade, que não leva em consideração as especificidades do ambiente escolar. Também desconsidera a cultura da democracia. As escolas públicas precisam de investimentos em educação e infraestrutura, não de militarização. As escolas precisam de professores qualificados, de salários dignos para os educadores, não de policiais militares. --------- 📸 Assista a este vídeo no Facebook https://www.facebook.com/share/v/TzwbVMvWpT42fvPW/?mibextid=IFRr12