Alguém com a experiência e a filmografia respeitada de Ridley Scott deveria ter mais cuidado ao dirigir um filme tão ruim quanto Napoleão.
Blade Runner, Chuva Negra, Thelma & Louise, Cruzada e Falcão Negro em Perigo são obras de um gênio do cinema.
É difícil aguentar 2 horas e meia de um filme que de Napoleão parece ter apenas o título. E ainda pior, aguentar um filme sobre Napoleão na língua inglesa, uma língua de bárbaros, quase tão horrorosa quanto o alemão. Nada a ver com a musicalidade e a beleza do idioma francês, que não por acaso é a língua adotada pela diplomacia internacional.
Napoleão falando inglês é o fim da picada. Uma
aberração indesculpável.
O amante Napoleão mostrado no filme é uma sombra do que ele realmente foi. Nenhuma cena sobre a entrega da garota mais bela quando ele invadiu a Polônia.
Nenhuma referência a sua famosa frase: "A religião existe para impedir que os pobres matem os ricos". Nada sobre ele botar pra correr monarquias decadentes, entre elas a portuguesa.
O grande comandante militar, o carismático soldado que uniu a França fragmentada pela Revolução, é mostrado como um fantoche de interesses pessoais.
Este filme é uma desgraça para a carreira de Ridley Scott.
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por José Gil, ex-presidente do Conselho Nacional de Cineclubes