Alguns militares brasileiros honraram a farda que vestiam e se transformaram em heróis nacionais. Militares que escreveram seus nomes na verdadeira história de defesa do povo brasileiro.
Militares que não se corromperam, que não apoiaram golpes e quarteladas de malandros fardados, que não defenderam terroristas que colocam bomba em caminhão de combustível no aeroporto de Brasília. Militares cujos nomes serão encontrados na lata de lixo da história.
O nome de mais um militar - entre muitos - honrado e destemido, homenageado nesta página, é o do capitão Sérgio Macaco.
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Memorial da Democracia - Capitão herói evita banho de sangue --------
Sérgio Macaco impede brigadeiro de explodir gasômetro e culpar oposição
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No momento em que chega ao auge o movimento pelo retorno à democracia – com a Passeata dos Cem Mil e manifestações contra a ditadura em todo o país –, um grupo de oficiais da Aeronáutica trama um plano para assassinar os líderes da oposição e lançar o país no mais completo terror.
Liderados pelo brigadeiro João Paulo Burnier, comandante da 3ª Zona Aérea, os militares pretendiam sequestrar e jogar ao mar políticos, líderes estudantis, militantes de esquerda e personalidades da oposição. Ao mesmo tempo, planejavam detonar bombas em instalações das Forças Armadas e prédios do governo. Coroando a ofensiva, o plano previa a explosão do Gasômetro do Rio, produzindo um grande número de vítimas. Os atentados seriam atribuídos a organizações de esquerda, para justificar uma nova onda repressiva.
Para realizar a ação terrorista, Burnier tencionava utilizar oficiais do Para-Sar, grupo de elite da Aeronáutica especializado em busca e salvamento. O plano enfrentou a resistência corajosa de sete sargentos e dois capitães do esquadrão, entre eles o líder do grupo, capitão Sérgio Miranda de Carvalho, conhecido como Sérgio Macaco. Os sete rebeldes foram presos e punidos, mas Sérgio Macaco conseguiu denunciar a trama de Burnier a outros oficiais superiores, incluindo o brigadeiro Eduardo Gomes, considerado o patrono da Aeronáutica.
O plano acabaria sendo abortado depois de vazar para o jornal "Correio da Manhã" e ser denunciado da tribuna da Câmara pelo deputado Maurílio Ferreira Lima (MDB-PE).
O capitão Sérgio Macaco seria cassado pelo AI-5 e afastado da Aeronáutica, sem direito a receber o soldo. Em 1986, foi eleito suplente de deputado na Assembleia Constituinte pelo PDT do Rio. Em 1992, uma decisão do STF determinou sua reintegração à reserva com o posto de brigadeiro, mas a decisão não foi cumprida pelo ministro Lélio Lobo. Ele transferiu a responsabilidade para o presidente Itamar Franco, que protelou a decisão. O capitão Sérgio morreu de câncer, em 1994, sem ver seu direito efetivado.