O ataque iraniano a Israel foi uma espécie de obra clássica moderna, diz o Major-General Agostinho Costa. O Irã demonstrou com esta operação que domina todo o espaço aéreo de Israel ao Irã, ao Paquistão, incluindo Chipre, as ilhas do Mediterrâneo circunvizinhas e o que mais intermedeia. Só um país permitiu a passagem aos Estados Unidos do seu espaço aéreo, a Jordânia. Este ataque do Irã mudou a visão que havia de domínio do espaço aéreo estratégico à volta de Israel. Neste momento o elemento dissuasor desse espaço não é mais os EUA, mas o Irã. Não há imagens que mostrem a destruição dos mísseis balísticos, que denotam o despegar do foguete propulsor sem mais rastilho. Ele atingiu sem prejuízo locais estratégicos do poder militar de Israel, sobrevoando e atingindo, sem dano, o parlamento de Israel, a demonstrar que na sua ação o Irã assinala a mudança do quadro estratégico político. Veja que para já Israel não pretende avançar sobre o último reduto de Rafah. E de hoje em diante, Israel haverá de pensar duas vezes antes atacar o Irã e ter de fazer esse trajeto que as imagens indicam, a contornar a Arábia e o Omã, passando o Iémen, com os Houtis. E se fizer uso do nuclear, terá a resposta do Paquistão que disponibiliza a sua força nuclear para lhe fazer frente e responder à letra. Isto é mais complicado do que se pensa à primeira vista .