Colômbia rompe com Israel em nome de crianças de Gaza

Cresce o isolamento de Tel Aviv ------ por Luiz Carlos Azenha - Revista Forum ---- O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, usou um discurso durante as comemorações do Primeiro de Maio para anunciar que seu país romperá relações diplomáticas com Israel. Na fala, ele argumentou: "Há uma palavra que justifica a necessidade da vida, da rebelião, do desfraldar de bandeiras e da resistência. Essa palavra é Gaza". Bolívia e África do Sul já tinham suspendido anteriormente suas relações diplomáticas com Israel. Bahrein, Belize, Chade, Chile, Honduras, Jordânia e Turquia retiraram seus embaixadores em protesto contra a ofensiva israelense em Gaza. Na sua fala, Gustavo Petro mencionou as crianças palestinas "desmembradas" pelos bombardeios de Israel, que nesta quinta-feira completam 209 dias ininterruptos: Os tempos de genocídio, de extermínio de um povo inteiro não podem passar diante dos nossos olhos, diante da nossa passividade. Se a Palestina morrer, a Humanidade morre. ----------- "ANTISSEMITA"---- Israel Katz, o ministro das Relações Exteriores do governo de Israel, acusou Petro de ser "antissemita". A história lembrará que Gustavo Petro escolheu ficar ao lado dos monstros mais abomináveis conhecidos pelo homem, que queimaram bebês, mataram crianças, estupraram mulheres e sequestraram civis inocentes Katz é o mesmo que usou o X para atacar o presidente Lula quando o líder brasileiro comparou a situação dos palestinos à vivida pelos judeus sob Hitler. Em Deir el-Balah, na região central de Gaza, um grupo de palestinos fez uma manifestação para agradecer aos estudantes que estão protestando e pedindo cessar-fogo, especialmente nos Estados Unidos. Catherine Russell, a chefe da UNICEF, postou no X que a situação das crianças em Rafah é dramática: Quase todas as 600 mil crianças agora amontoadas em Rafah estão feridas, doentes, desnutridas, traumatizadas ou vivendo com carências. Ainda assim, o governo de Benjamin Netanyahu tem dito em público que pretende fazer uma ofensiva terrestre contra a cidade para "eliminar o Hamas". ------- EQUILIBRISMO---- Em mais um ato de equilibrismo entre sua base política e o lobby de Israel, o presidente Joe Biden deve fazer um discurso denunciando o antissemitismo no Dia da Lembrança do Holocausto declarado pelo Congresso dos EUA, em 6 de maio. Biden busca justificar a feroz repressão das polícias locais contra estudantes universitários em dezenas de instituições. Se por um lado ele pode perder votos com os jovens eleitores democratas, por outro posa como líder "da lei e da ordem". De acordo com levantamento do diário Washington Post, 1.300 estudantes já foram presos em campi do país -- e o movimento que eles lideram vem sendo criminalizado por lideranças republicanas e democratas. É a reprise de 1968, quando o movimento estudantil encabeçou a revolta contra a guerra do Vietnã e foi vendido pela mídia como "radical". Décadas depois, passou a ser celebrado em livros e filmes, quando já não representava ameaça ao status quo.