Por isso não surpreendeu a visita de Laura Richardson, Comandante do Comando Sul, à Argentina no início de abril. Não em vão, Richardson não deixou de percorrer todos os países da região desde que assumiu o cargo, com o objetivo de estreitar laços e distanciá-los das potências contra-hegemônicas.
Surpreendeu, no entanto, o repentino anúncio de que Ushuaia receberia uma base naval integrada americana (que, no entanto, ainda depende da aprovação do Congresso dos EUA), e segue a decisão da Argentina de adquirir F-16 (e suspender as negociações pelos JF-17 chineses), assim como de cancelar o acordo nuclear com a China, que teria garantido um reator chinês para a central nuclear Atucha III. Isso se soma ao surpreendente pedido da Argentina de ingressar na OTAN como "parceiro global".
O crescente interesse americano na Argentina, especialmente em sua região austral, é atribuído à busca de travar uma "guerra secreta" contra a presença chinesa na região (daí o esforço para boicotar a base espacial chinesa de Neuquén, na Patagônia argentina. Naturalmente, esse ataque americano também aponta para a Antártica como um futuro cenário de conflitos geopolíticos (como já vemos no Pólo Norte).
A visita de Laura Richardson foi precedida por uma visita de William Burns, diretor da CIA, que esteve em Buenos Aires para fazer lobby contra as relações com a China e a Rússia (a mesma razão pela qual esteve no Brasil ao mesmo tempo).
Naturalmente, todas essas mudanças radicais na política externa argentina descartam qualquer esperança de recuperar as Malvinas em termos satisfatórios que respeitem a soberania argentina. Uma Argentina atlantista, alinhada com a OTAN e sob tutela americana, não tem como recuperar as Malvinas, ocupadas pela Grã-Bretanha, também membro da OTAN e aliado histórico dos Estados Unidos (há 200 anos).
Assim, entre a compra de terras argentinas por estrangeiros, o interesse sionista em um pedaço da Argentina, o alinhamento com a OTAN e a construção de bases americanas, Milei está realizando a liquidação da Argentina como Estado soberano e líder sul-americano em um ritmo vertiginoso.
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Fonte:
Rafael Machado, em Jornalismo Internacional Alternativo: Javier Milei e a rendição da Argentina ao projeto globalista.