O POVO VENEZUELANO VENCERÁ!

por Jonas Duarte O "desagradável" regime venezuelano mobilizou ontem, sábado, (17.08.2024), umas 2 milhões de pessoas em todo país em defesa da soberania e respeito as instituições venezuelanas. Escrevam aí. NÃO HÁ CHANCES DO IMPERIALISMO ENTRAR ALI E DERRUBAR O GOVERNO LEGÍTIMO E DEMOCRÁTICO DE NICOLÁS MADURO. O povo venezuelano está organizado e consciente de seu papel histórico. Não pensem que a Venezuela é essa coisa frágil, melosa, que é o nosso Brasil não. Aqui, dois gritos do imperialismo o governo treme, a esquerda mela as calças e o povo segue a onda. Vejam o golpe contra Dilma. A nossa reação popular foi ínfima. Como dizia Prestes. A direita brasileira age como cirurgiã. A direita latino-americana como corvos. Completo: a direita venezuelana como açougueiro. A cultura revolucionária de um povo não se faz em um dia ou em um governo. A rebeldia e capacidade de luta de uma nação se forja na sua própria História. A Venezuela é o primeiro país sul-americano a CONQUISTAR sua independência. Em lutas fantásticas, impressionantes. Os feitos do EXÉRCITO POPULAR de Simón Bolívar, só são comparáveis na História a luta do Exército Vermelho na libertação da União Soviética. Bolívar cruzou a Cordilheira dos Andes, com homens famintos, mulheres grávidas, bois, cabras sobre neve e embaixo de torrentes e nevasca a pé. Com um exército em pedaços expulsou os espanhóis de terras americanas, criando aqui, as primeiras repúblicas ao sul do Equador. A Gran Colômbia, a Pátria Grande Sul Americana, está no coração e na mente por gerações venezuelanas. Comparem. Enquanto o Brasil negociava sua independência sob uma monarquia de bosta, submissa ao Império Inglês, a Venezuela conquistava uma República, resultado de uma luta sangrenta, historica... Bolívar é o "pai", o inspirador dos "Libertadores das Américas". Sucre, San Martí ou Artigas são, na realidade, crias de Bolívar. Bolívar foi gigante. Enorme. A historiografia colonialista, eurocêntrica por aqui reduz, ironiza, caricaturiza a figura espetacular, ímpar, de Bolívar. Bolívar está para Venezuela, assim como José Martí pra Cuba. Sendo Martí um grande pensador e Bolívar se tornado um gigante comandante militar... separados por duas gerações. Mas para a Venezuela (Colômbia, Bolívia e o Equador da *Libertadora Manuela Saens* ) não bastou o exemplo de Bolívar. Nas montanhas venezuelanas o negro José Chirino liderou a libertação dos escravos. Numa história de lutas incríveis, que une estratégias de guerrilhas com o pulsar permanente da luta pela liberdade. A História da Venezuela é rica, portentosa de lutas. As guerrilhas revolucionárias na Venezuela se formaram junto com as cubanas e colombianas, logo depois da 2° Guerra. Che, Fidel e a vitória cubana sobre o imperialismo sempre esteve presente na luta, nas mentes e nos corações do povo trabalhador da Venezuela. A Venezuela tem uma particularidade muito especial. Seu exército. O exército de Bolívar. Enquanto os EUA forjava nos exércitos latino-americanos (no pós-guerra), a Doutrina de Segurança Nacional, via Escola das Américas (instalada no Panamá), que produziu e preparou o pensamento e os generais golpistas para as ditaduras militares dos anos 60 e 70 na América Latina, as forças armadas, especialmente o exército da Venezuela nunca recebeu a orientação das forças estadunindenses. Isso é muito importante. Enquanto os militares sul-americanos recebiam como formação a Doutrina de Segurança Nacional, que elege como ameaça às nações o seu próprio povo. Vide os militares brasileiros, chilenos, argentinos, paraguaios, uruguaios .... na Venezuela, a doutrina militar vigente é a de Simón Bolívar. As Forças Armadas têm como função defender a nação de invasões estrangeira e DEFENDER O POVO VENEZUELANO. Os interesses do povo venezuelano. Enquanto um militar brasileiro, por exemplo, se entope da DSN, se tornando anticomunista e "viver sem razão", como diz Vandré, um militar venezuelano é formado para lutar pela liberdade de seu povo. Nunca esse povo é considerado como uma ameaça à Segurança Nacional. Um militar venezuelano faz juramento aos princípios pelos quais lutou Bolívar, Sucre, Manuela... É muito diferente... Isso pulsa em cada venezuelano. O que faz a Revolução Bolivariana de Hugo Chávez? Conecta a luta histórica da Venezuela por sua emancipação, pela emancipação do seu povo. Chávez, para mim, junto com Fidel e Che está na maior inspiração de luta pelo Socialismo. Por um Socialismo que se inspira na teoria emancipatória de Marx, Lênin, Gramsci, etc., mas como nos disse (nos ensinou) a deputada revolucionária Bolivariana Blanca Eckhout, está assentada sobre a luta histórica dos povos originários contra a invasão europeia, na luta e resistência dos povos africanos arrancados de suas terras para gerar a riqueza que foi apropriada pelas burguesias mercantís, agrárias e industriais. Assentada sobre as teorias marxistas-indigenistas de José Carlos Mariátigui, na capacidade de luta e de comando de revolucionários como Bolívar e Luiz Carlos Prestes... Uma Revolução latino-americana, com o colorido, a alegria e todas as características do nosso povo. É isso a Revolução Bolivariana. Lógico que todos os impérios a querem destruir. Que todos querem taxá-la de autoritária, burocrática, etc. Não importa. Quem conhece a História da Venezuela e da Revolução que se desenvolve lá, está consciente do que aquele povo enfrenta e de sua capacidade de superação. Tentaram matar o povo venezuelano de fome. Foi desesperador. De um dia para outro fecharam todas as entradas de alimentos para o país e todas as possibilidades de se comprar e ou produzir alimentos. Se instalou o caos econômico. O caos. Para piorar *ROUBARAM. REPITO: ROUBARAM* todas as reservas em dólares e em ouro do país. Quem roubou? Os EUA e a Inglaterra, onde estavam guardadas as reservas internacionais do país. Entendam. A Venezuela usava todos os recursos obtidos com a venda de seu petróleo para adquirir alimentos e suprir todas as necessidades do país (que praticamente não tinha agricultura nem indústria). Os EUA, maior comprador de seu petróleo suspendeu as compras e impediu que outros compradores comprem da Venezuela. E impediu a venda de alimentos ou qualquer outro gênero ao país. Foi o caos. Em paralelo os EUA financiaram hordas de mercenários para fazerem badernas e destruírem o patrimônio público do país... Vândalos recebiam de cestas básicas a 5 mil dólares para mobilizar jovens contra o governo... Prática comum utilizada pelos EUA e mercenários em Cuba passou a ser replicada na Venezuela... Foi barra. Milhões de venezuelanos deixaram o país. Fugindo da fome, da miséria e do desespero. Babacas de todo o mundo falam desses episódios como fracasso da Revolução Socialista Bolivariana. Por que? Porque só veem o fenômeno. Essa, segundo March Bloch é a diferença entre um narrador medíocre dos fatos e um historiador. A narrativa factual descreve o fenômeno, mas não explica as razões, adentrando às suas causas, suas razões econômicas, políticas, sua conexões, contradições. É como dizer que vê o sol girar sobre nossas cabeças. E só. Incapaz de compreender e explicar que o sol está parado e a terra é quem gira. E explicar COMO e PORQUÊ isso ocorre. A fome e o desespero tomaram conta de contingentes humanos importantíssimos da Venezuela e isso é fato. Mas as razões não estão no rumo Socialista da Revolução Bolivariana. Pelo contrário. As causas profundas, mesmo rasas e superficiais estão na ação truculenta, criminosa, sorrateira do imperialismo de cercar e tentar destruir uma nação e sua luta por soberania, por emancipação. Retire as 930 sanções econômicas contra a Venezuela, vejam o resultado de sua economia e culpem o Regime. Sem isso, responsabilizar o viés Socialista da Revolução é babaquice ideológica para idiotas acreditarem e reproduzirem. É ação da contrarrevolução. Parte da luta de classes. O contrário sim. Foi o povo organizado, consciente, com formação socialista e uma direção socialista quem permitiu a Revolução Bolivariana sobreviver e construir uma nova pátria, com perspectiva de um horizonte de desenvolvimento. Hoje a Venezuela cresce a 7% ao ano. Pode chegar a 8% em 2024. Com inflação de 1% e plenamente abastecida. Resultado de um desenvolvimento da agricultura que, orgânica é responsável por 90% da alimentação no país. Com uma indústria nacional de bens de primeira necessidade que emprega e recupera a renda do povo trabalhador. O mais incrível. Sem desbloquear suas reservas internacionais, a Venezuela ampliou seu comércio internacional e tem no horizonte, a possibilidade de receber 35 bilhões de dólares de investimentos chineses. Com um povo culto e com uma capacidade produtiva acima da média latino-americana, a Venezuela é hoje um Polo de atração para empresas chinesas. Convidada pela Rússia e endossada pela China e Índia para ingressar nos BRICS, a Venezuela tem a possibilidade de receber mais recursos do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (dirigido pela brasileira Dilma Rousseff) mais investimentos do que o Brasil. Na geopolítica internacional, a grande maioria das nações do Sul Global aliadas a China e Rússia já reconheceram as eleições presidenciais na Venezuela, respeitando seu órgão eleitoral e sua soberania. Conquistaram prestígio com África e com os países em desenvolvimento. As nações que vacilaram e vacilam nesse reconhecimento por medo de represália dos EUA, na realidade se abraçam atrasadamente com esse imenso "Titanic do Norte". Como disse João Pedro Stédile, a luta de classes se agudiza na Venezuela de hoje. De um lado o imperialismo em sua última fase. Beligerante e afundante. Do outro, o povo aguerrido de Venezuela, de Cuba, regatando Bolívar, Martí, Manuela Saens, Chirino, Zumbi, Dandara, Che, Fidel, Célia, Prestes, Olga, Marighela, etc. Não tenho dúvidas. O povo venezuelano vencerá. Viva o povo Venezuelano!