Blog do Esmael Morais --------
O ki-suco ferveu na tarde desta quarta (16), em Curitiba, após uma intensa troca de acusações públicas entre o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) e o senador Sergio Moro (União Brasil).
O conflito, que já vinha se desenhando desde a campanha eleitoral em Curitiba, ganhou novos contornos e repercussão nacional, colocando em xeque a unidade interna do partido e revelando ambições políticas futuras.
Tudo começou quando Leprevost, em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que a presença de Rosângela Moro, esposa do senador, como sua vice na chapa pela prefeitura de Curitiba, “atrapalhou bastante” sua campanha.
Segundo o deputado estadual, a entrada de Rosângela foi um erro que contribuiu para sua derrota no primeiro turno, onde terminou em quarto lugar com apenas 6,5% dos votos.
Leprevost não poupou críticas a Sergio Moro, classificando-o como “difícil de lidar”, “vaidoso” e afirmando que o ex-juiz é visto em Curitiba como “carrasco do Lula e traidor do Bolsonaro”.
A resposta de Moro não tardou.
Em entrevista ao O Globo, o senador rebateu as acusações, chamando Leprevost de “político velho” que busca desculpas para sua derrota.
Moro afirmou que foi o deputado quem insistiu para que Rosângela fosse sua vice e que ele praticamente não apareceu na propaganda eleitoral.
“Ele agora está buscando uma desculpa para a derrota, mas mostra apenas que ficou pequeno politicamente e também pensa pequeno como pessoa”, alfinetou o ex-ministro.
Em meio a esse bate-boca público, Leprevost divulgou uma nota contundente, na qual acusa Moro de ser um “traidor contumaz”.
Listou uma série de supostas traições cometidas pelo senador ao longo de sua carreira, desde a magistratura até a política.
Traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral”, disparou.
O deputado também pediu desculpas aos curitibanos por ter aceitado a imposição do partido de ter Rosângela como vice, classificando Moro como um “oportunista”.
Os bastidores apontam que a raiz desse embate está nas eleições de 2026.
Ambos os políticos almejam o governo do Paraná, e a disputa pela liderança dentro do União Brasil já começou.
Leprevost se coloca como pré-candidato ao Palácio Iguaçu, enquanto Moro não esconde seu interesse em concorrer ao mesmo cargo, caso seu projeto presidencial não avance.
Essa queda de braço evidencia não apenas divergências pessoais, mas também estratégias políticas distintas.
Leprevost defende uma postura mais regional, enquanto Moro busca consolidar sua influência nacionalmente, mesmo que isso signifique enfrentar aliados locais.
A treta entre os dois pode fragmentar ainda mais a direita paranaense, abrindo espaço para novas lideranças e rearranjos políticos.
A reação da população e das lideranças políticas locais é de perplexidade.
Muitos esperavam que a aliança entre Leprevost e Rosângela Moro fortalecesse a oposição na capital paranaense, mas o tiro saiu pela culatra.
A falta de sintonia e os conflitos internos acabaram prejudicando a campanha, refletindo na baixa votação obtida.
Enquanto isso, o governador Ratinho Junior (PSD) observa a distância.
Com alto índice de aprovação, ele pode ser um fator decisivo nas próximas eleições, seja apoiando um dos lados ou até mesmo se lançando em voos mais altos.
A disputa antecipada entre Leprevost e Moro pode, inadvertidamente, fortalecer o atual governo estadual.
O desenrolar desse embate traz à tona questões importantes sobre a prática política.
Até que ponto alianças forçadas e interesses pessoais devem sobrepor-se aos projetos coletivos?
No fim das contas, a crise entre Ney Leprevost e Sergio Moro é um retrato fiel dos desafios da política atual: egos inflados, ambições desmedidas e a falta de diálogo franco.
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Este é o deputado Ney Leprevost.
Nota do deputado Ney Leprevost em resposta aos ataques do Senador Sérgio Moro
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Em resposta aos ataques rasteiros e injustificados proferidos contra mim, e sem o menor cabimento também a familiar meu, pelo senhor Sérgio Moro , tenho a declarar, após buscar informações com diversas fontes jornalísticas e rememorar fatos, conclui que:
Este senhor é um traidor contumaz.
Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político.
Traiu as Leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus e escutas telefônicas de legalidade questionável.
Traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro.
Traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação.
Traiu o partido Podemos que o sustentou financeiramente.
Traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral.
Traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando- se candidato de última hora contra ele.
Traiu seus eleitores de direita votando no ministro Flávio Dino para o STF.
Traiu sua querida esposa colocando- a, através da direção nacional do partido, como candidata a vice na minha chapa e abandonando a campanha dez dias antes da eleição por não ter sido satisfeita a sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão.
Traiu o partido União Brasil, utilizando na última semana de campanha 230 mil reais do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal da mesma sem sequer pedir votos para o 44.
Me traiu ao plantar ao longo da campanha diversas notas na imprensa nacional com objetivo de desestabilizar minha candidatura.
Traiu a pátria ao fazer um “acordão” através dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.
Senador Sérgio Moro, não me meça pela sua régua. Minha vida pública é pautada por coerência e respeito a todas as pessoas.
Se o senhor fosse amado pelo povo de Curitiba como afirma, não precisaria andar rodeado de seguranças pagos pelo povo brasileiro até para ir à feira.
De herói nacional que até eu admirei, o senhor apequenou – se e se transformou em um mero “lacrador” de redes sociais.
Me esqueça e vá se defender na justiça. Pois quem é réu em processo criminal é o senhor, não eu.
Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor que é um oportunista visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro.
A toda boa gente do Paraná, meu muito obrigado pela milhares de manifestações de solidariedade no dia de hoje. Tenham a certeza absoluta que minha vida pública vai continuar pautada na defesa da liberdade e nos princípios éticos e humanistas que meu detrator chama de “velhos”.
Que Deus nos proteja do mal! ✝
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Ney Leprevost