Tudo indica que a Turquia cortou relações com Israel e que a Arábia Saudita se aproxima celeremente da China e do Irã. Torna-se agora impossível pensar o futuro próximo sem a presença da Rússia e da China no tabuleiro do xadrez do Médio Oriente, no momento em que Israel, nada tendo conseguido militarmente em Gaza e no Líbano, se coloca em posição de depender inteiramente dos EUA. Por mais falcões que Trump queira colocar em postos que interferem com o Médio Oriente, as condições já não são as melhores para os EUA na região, posto que a aliança estratégica entre o Irão e a Rússia ultrapassou há muito a fase de não retorno, a China importa 90% do petróleo iraniano e os chineses até já têm uma flotilha da sua Armada no Golfo Pérsico. A possibilidade de um ataque ao Irão vai-se esvaindo e certamente os EUA já não têm carta branca dos seus antigos incondicionais aliados árabes. É esta a situação presente, pelo que, talvez, o discurso exaltado dos agora apontados falcões não possa alterar o crescente desequilíbrio de forças favorável ao Irão. Ou seja, os EUA e Israel ainda vivem num mundo que já não existe.